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Há por aí aquilo que alguns designam de "novo sindicalismo". A verdade é que este "novo sindicalismo" é uma espécie de wokismo. Os wokes do sindicalismo não são muito diferentes dos wokes da religião, literatura, ou de outra coisa qualquer: andaram adormecidos para tudo, principalmente para a luta, e agora surgem como paladinos dessa mesma luta (que sempre ignoraram) e fervorosos entusiastas das greves por tempo indeterminado ao primeiro tempo, segundo tempo, último tempo ou quando der mais jeito. São, também, fervorosos defensores do apolítico e do apartidário. Os wokes do sindicalismo não assumem uma ideologia, excepto quando dizem "eu penso", "eu acho", "para mim era assim", "a minha solução é", e por aí em diante. São fãs do verbalismo, da gritaria, do alardear e são, principalmente, especialistas em duas  coisas: banalizar a greve (último recurso de todo o trabalhador) e esgotar a luta. A questão é que estes wokes do sindicalismo começam a ver que o seu "novo sindicalismo" deu para o torto e é pouco eficaz. As greves por tempo indeterminado, por exemplo, levaram ao decretar de serviços mínimos, o que coloca em causa o direito à greve. Sim, é o direito à greve que está em causa. E o que fazem os wokes do sindicalismo? Alguns desaparecem de cena. Outros remetem-se ao silêncio. Outros dizem mesmo que nunca defenderam tais coisas e que "os sindicatos são todos iguais!", "só deveria existir um sindicato", logo eles que acusam sempre tudo e todos de défice democrático. Os wokes do sindicalismo andaram com jerricans de gasolina a atear o fogo e agora escondem-nos no fundo da despensa. Assumir responsabilidades não é com eles, pois como todos nós sabemos: os wokes do sindicalismo estão do lado certo da História e sem eles a luta não existiria. Aliás! a luta, segundo eles, nunca existiu. 

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