Há 153 anos era proclamada a Comuna de Paris. Durou 72 dias: de 18 de Março a 28 de Maio de 1871. Estava organizada de acordo com os princípios democráticos: a elegibilidade, responsabilidade e a demissibilidade de todos os funcionários. Fixou uma remuneração mínima no trabalho, tomou medidas de proteção do trabalho e de luta contra o desemprego, tomou providências para o melhoramento das condições de habitação da população, preparou a reforma escolar, fundamentada no princípio da educação geral, gratuita, obrigatória, laica e universal. Como disse Lénine: "A causa da Comuna é a causa da revolução social, é a causa da completa emancipação política e económica dos trabalhadores, é a causa do proletariado mundial. E neste sentido é imortal."
meia-noite todo o dia
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O discurso "ninguém gosta de nós" e "já não se pode ter sucesso em Portugal" de alguns banqueiros é-me repugnante. Houve um dos banqueiros que disse algo do género "quando os bancos trabalharam com juros negativos ninguém reparou nisso". Um choradinho que envergonha qualquer um, menos aqueles que o fazem, principalmente depois dos 12 milhões de euros de lucros diários da banca portuguesa no seu conjunto.
Não sei nada disso
Li por aí
O que acontece é que estas pessoas que procuram uma equivalência entre Chega e PCP, tão aparentemente indignadas com o ascenso da extrema-direita, acabam sempre por dirigir o tiro político para o mesmo inimigo de sempre, o seu verdadeiro adversário, aquele que, mesmo na mó de baixo, enfarinha as suas irreprimíveis emoções: os comunistas portugueses que, irritantemente, apesar de todas as crises, apesar dos seus erros, apesar das suas sucessivas quebras eleitorais e apesar de todas as declarações antecipadas de morte, ainda valem em Portugal mais de 200 mil votos e elegem 4 deputados, muito acima da extinção parlamentar que as sondagens, durante quase toda a campanha eleitoral, vaticinaram...
Ó verdadeiros, únicos e genuínos democratas: têm de trabalhar mais, porque ainda não foi desta que mataram o PCP.
O Chega veio substituir o PCP?
Diário de Notícias, 13 de Março de 2024
"Processo de reestruturação"
No dia 26 de Agosto de 1975, Luiz Francisco Rebello escrevia a Louis Althusser. Dizia-lhe o seguinte: "A sua carta aparecerá ainda esta semana no 'Diário de Notícias', que é o quotidiano mais difundido no país." (1). Hoje, dia 12 de Março de 2024, ficámos a saber que a Global Media avançou com o despedimento colectivo no Diário de Notícias. Falam em "processo de reestruturação".
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(1) "Cartas sobre a Revolução Portuguesa", tradução de João Labescat da Silva, Seara Nova, 1976, p. 28.
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Tantos admirados com mais de um milhão de votos no partido dos 48 deputados. Tantos a dizer que não há um milhão de fascistas em Portugal. Tantos a dizer que há gente boa naquele mais de um milhão de votos. Tantos esquecidos que há uns anos Salazar foi votado o maior português de sempre num programa televisivo.
PNEC - Processo de Normalização em Curso
Só falta começar a dizer que o partido com 48 deputados não é fascista porque mais de um milhão de portugueses votou nesse partido, e não há um milhão de fascistas no nosso país. Tal como sabemos que o país não é intrinsecamente machista (as 22 mulheres assassinadas em 2023 e mais de 30 mil queixas às autoridades são apenas um percalço), nem intrinsecamente racista (os 347 crimes de discriminação e incitamento ao ódio em 2023 foram apenas outro percalço). O PNEC (Processo de Normalização em Curso), há muito que começou, mas agora está em velocidade de cruzeiro: convencer quem votou em fascistas que tanto eles, como elas, não o são. Quando isso acontecer, o círculo ficará concluído.
Álvaro Cunhal
em O Comunismo Hoje e Amanhã, retirado do site marxists.org (https://www.marxists.org/portugues/index.htm), em linha no dia 11 de Março de 2024.
A noite mais escura da nossa Democracia
A noite mais escura da nossa Democracia
aconteceu. Por aquilo que vou lendo por aí, os meus amigos estão chocados com o
resultado eleitoral. Chocados, angustiados, tristes, revoltados. Mas a verdade
é que nenhum dos meus amigos, reais e virtuais, pode alegar que não estava à
espera. Nenhum pode alegar que ficou admirado. Nenhum pode perguntar: “mas como
é que isto aconteceu?”. A hipocrisia tem limites e não tenho os meus amigos por
hipócritas.
Todavia, cada um de nós pode
fazer a seguinte pergunta: o que fiz eu, individualmente, para evitar que a
noite mais escura da nossa Democracia tivesse acontecido? o que fiz eu,
individualmente, para esclarecer, debater, refutar as bocas que ouvi sobre
“corrupção”, “tachos”, “imigração”, “limpeza”, “superioridade estética e moral”
e essas alarvidades que todos nós conhecemos, ouvimos? o que fiz eu para, no
meio da escuridão que se avizinhava, tentar que a luz brilhasse, permanecesse
acesa?
E podemos perguntar: o que
fizemos nós, colectivamente, para impedir que passassem, já que quase todos
enchemos a boca com “Não passarão!”? já que quase todos gostamos de cravos e de
sair com eles na lapela à rua? já que quase todos sabemos que a culpa não é
apenas dos meios de comunicação social, ou do Tik Tok? Porque, na realidade,
quase todos nós, uma ou outra vez, ficámos em silêncio. Porque, na realidade,
quase todos nós já nos sentámos à mesa com alguém que proferiu uma série de
inanidades e continuámos sentados.
Será que estamos mesmo dispostos
a deixar que isto continue sem tomar, verdadeiramente e de cara levantada,
partido?
Lí por aí
Os jornalistas teimam em alterar o sentido destas eleições, referem-se sempre à escolha do primeiro-ministro e do governo, mas eu nunca voto no primeiro-ministro nem no governo, voto para eleger quem me represente na Assembleia da República. E só lamento que tanta gente que precisa de quem lute pelos seus direitos encolha os ombros e diga que não liga à política. — Não é a política a forma de lidarmos uns com os outros?
Outra coisa que me chateia é a pergunta que se tornou lugar comum: a quem é que comprávamos um carro em segunda mão? Nem quero saber do carro, nem tudo se resume a uma relação de compra e venda. Sei bem é com quem partilhava a mesa e com quem nem um café tomava.
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Andei pela abstenção. Era a minha maneira de protestar. Tal como Biedma: sempre fui de esquerda, mas há muito que não praticava. Há dois anos decidi tomar partido. Dos 103 anos do PCP, que hoje se comemoram, dois são comigo. A luta continua!
A xenofobia estratégica de Passos Coelho - Carmo Afonso
Montenegro e as pensões
- Luís Montenegro é eleito para deputado e é convidado a formar governo;
- Luís Montenegro, como Primeiro-Ministro, corta as pensões;
- Luís Montenegro demite-se;
- As pensões continuam cortadas.
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Passos Coelho começa a estar cada vez mais parecido com Cavaco Silva: sempre que aparece é para regurgitar umas inanidades. Só que no caso de Passos Coelho, podemos, também, acrescentar as falsidades. Ontem, num comício da AD, Passos Coelho relembrou que, em 2016, defendeu "um país aberto à imigração", mas considerou que é preciso ter "cuidado" para ter um "país seguro". "Na altura, o Governo fez ouvidos moucos disso, e na verdade hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias. Não é um acaso", sustentou.". Esta retórica da insegurança associada a imigração é recorrente em partidos de extrema-direita, onde a xenofobia e o racismo são uma constante. Nunca imaginei vê-la num partido da direita democrática. Passos Coelho (sob cuja presidência do PSD foi parido André Ventura como candidato à Câmara de Loures, e cujas declarações levaram o CDS de Cristas a retirar-lhe o apoio), sabe, de certeza, que aquilo que diz não é verdade. Mas, ainda assim, atira a segunda pedra (a primeira há muito que foi atirada por Ventura e seus acólitos). E foi aplaudido. O cheiro a bafio é, cada vez, mais insuportável.
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Lí por aí
Navalny conseguiu a quadratura do círculo ao defender e condenar simultaneamente as ações militares russas na sua vizinhança próxima. Se, por um lado, condenou a intervenção militar russa na Ucrânia, por outro, apoiou a ocupação da Crimeia (2014) e as ações militares do Kremlin na Abecásia e na Ossétia do Sul (2008). “Como Putin, Navalny considerava a Ucrânia uma construção artificial”. A sua veia ultranacionalista levou-o a afirmar que russos, bielorussos e ucranianos eram partes integrantes da mesma nação, ou seja, da nação russa, posições que não lhe valeram popularidade na Geórgia e na Ucrânia.
Como é sabido, a estratégia tanto dos EUA como da Alemanha passava por: numa primeira fase, provocar uma mudança de regime em Moscovo e instalar um líder obediente; e, numa segunda, desmembrar a Federação russa jogando na promoção de tendências regionais separatistas, com o objetivo de criar cisões nas elites dirigentes e desestabilizar o regime de Putin. Não obstante as suas posições ultranacionalistas exacerbadas, a ambição política de Navalny falou mais alto prestando-se a alinhar num jogo em que nunca passou de peão de brega.
Para concretizar os seus objetivos, Washington costuma não olhar frequentemente a meios, recorrendo amiudadas vezes à fórmula “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Apesar das consequências nefastas desta abordagem (Al Qaeda, Estado Islâmico, etc.), os EUA continuam a insistir nelas.
Jornal Económico, 22 de Fevereiro de 2024
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Como diz o filósofo francês Geoffroy de Lagasnerie: não é só a Rússia que persegue e encarcera os seus opositores.
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