Crítica Literária: o vazio (2)
Mas, qual o real impacto da “crítica literária”? Os livros mais vendidos são aqueles que são objecto de “crítica literária”? Se tal não acontece, qual o real valor da “crítica literária” actualmente?
Penso que a crítica literária tem muito pouco impacto, pois poucos são aqueles que, realmente, lêem crítica literária. Ela poderá, uma ou outra vez, suscitar uma ou outra polémica, pois o visado pelo texto do crítico pode não apreciar muito aquilo que leu. É claro que isso acontece muito poucas vezes (pelo menos com o conhecimento geral do público).
Na realidade, o crítico literário tem algo que me atrevo a designar de poder-nulo, isto é, o crítico literário não tem qualquer poder sobre as reais decisões do consumidor. O seu “poder” está limitado a um grupo restrito (muitas vezes composto por amigos ou conhecidos com quem se partilham afinidades), o que torna esse “poder” vazio de qualquer conteúdo. Se o “poder” do crítico literário fosse real, se tal acontecesse, os “tops” de vendas seriam compostos por livros completamente diferentes daqueles que encontramos numa qualquer livraria generalista.
Os livros mais vendidos não são aqueles que foram objecto de uma crítica literária positiva ou negativa (não podemos esquecer que uma crítica literária negativa pode gerar um aumento nas vendas de um livro), mas sim de uma campanha de marketing agressiva, com ofertas absurdas ao leitor. A crítica literária foi substituída por capas de livros vistosas, sinopses apelativas, muito como acontece no cinema com os cartazes e os trailers dos filmes.
Actualmente, a “crítica literária” não tem qualquer valor intrínseco; antes extrínseco. A crítica literária serve apenas para encher colunas de jornais e páginas de revistas com o pedantismo – e em certos casos com a ignorância – de alguns críticos ditos literários.
4 comentários:
Henrique, estou muito de acordo contigo, mas não totalmente. Também acho que pelo menos alguns críticos que escrevem nos jornais escrevem "vigiados" pelas pessoas a quem querem agradar ou por quem querem ser admiradas, é tudo uma questão de estatuto pessoal a manter na praça pública. É um pouco (ou muito) como não ousar vestir-se de roupa que não seja de determinada marca. Mas são os jornais também que criam "estrelas", que fazem de um escritor um objecto importante, uma figura ou um figurão. Nem interessa muito saber se as pessoas lêem os livros que compram ou não. Eu também tenho livros que ainda não li, alguns nunca os vou ler, e no entanto comprei-os porque por alguma razão pensei que me interessavam. Abraços! :-)
João,
na primeira parte deste meu texto penso que faço referência àquilo que o João refere.
abraços
E chamei-lhe Henrique, Manuel... Sabe com quem foi a confusão, não é preciso explicar... É que insónias e ver meia-noite a toda a hora prestava-se à confusão:... -) Abraços e desculpe!
:D no problem, João
abraço
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