Ocupação do espaço (1)



Crítica Literária: o vazio

Conheço alguns poetas pessoalmente. São pessoas interessantes, com quem gosto de estar e conversar. No entanto, poucos são aqueles que conseguem manter o “interesse” a partir do momento que começam a falar de poesia ou a ter ideias sobre Poesia. Eu próprio me incluo neste último grupo. Ora a única função do poeta devia ser escrever poemas, ler poemas e pouco mais. É claro que não devemos esquecer as necessidades básicas: comer, dormir, fazer amor, respirar, pensar – e não necessariamente pela ordem referida.
Só que a maior parte dos poetas decide arriscar a crítica literária, em vez de fazerem reflexões sobre aquilo que leram. Devem pensar que têm, em si, o saber suficiente para tal. Esquecem-se que, para isso, existem os críticos literários.
É claro que em Portugal poucos são os críticos literários. A maior parte das vezes são poetas ou romancista a “exercer”. O crítico literário, em Portugal, é um conceito um tanto ou quanto híbrido. É claro que pedir que um crítico literário seja apenas crítico literário, é pedir muito num país tão pequeno (em todos os sentidos) como Portugal. Não podemos esquecer, ainda, a vertente mercantil e economicista da questão, que muito condiciona a imparcialidade de quem escreve. Assim, seria interessante um estudo que procurasse a relação entre as críticas literárias feitas a livros e os respectivos críticos literários que as escreveram, pois muitas vezes estes últimos estão associados a revistas e jornais que pertencem a grandes sociedades que, por sua vez, também são detentoras de parte das editoras que publicam os livros que os críticos literários “criticam”.
No entanto, também não podemos esquecer que a crítica – e nela incluída a literária – nunca foi muito bem vista no nosso país. A crítica literária – quando é a sério – nunca é vista como crítica: ou é ataque pessoal ou bajulação. A título de exemplo lembro o episódio que Manuel da Silva Ramos conta em relação ao seu “encontro” com João Gaspar Simões. Ou aqueles que opuseram Vergílio Ferreira aos “críticos literários” conotados com o neo-realismo.

2 comentários:

manuel a. domingos disse...

caro Daniel Ferreira:

apesar do seu comentário ter questões e elementos importantes, sou obrigado a apagar o seu comentário devido a referências directas a terceiros.

cumprimentos

Daniel Ferreira disse...

claro, percebo plenamente. fica a lição.

cumprimentos