Ruben A.



Quem nunca leu Caranguejo está, provavelmente, a perder um dos melhores romances da segunda metade do século XX português. Ruben A. é, sem dúvida, um desconhecido da maioria dos leitores. A Assírio & Alvim fez um esforço para o manter nas prateleiras das livrarias. E ele, de facto, lá continua. Para além de romances, Ruben A. também escreveu vários volumes de diários (Páginas) e uma autobiografia repartida, também, em vários volumes (O Mundo à Minha Procura, título bastante sugestivo). No que diz respeito ao género diarístico, só outros dois autores lhe fizeram frente: Vergílio Ferreira e Miguel Torga. Ruben A. é “dono” de uma voz bastante singular no panorama literário português. Em primeiro lugar, recusou rótulos. Em segundo lugar, rotulá-lo também não é tarefa fácil. Quem leu Páginas (nos seus vários volumes) verifica aquilo que estou a afirmar. A leitura de Ruben A. não é fácil. É preciso, diga-se, algum pulmão, fôlego: as frases às vezes longas, uma certa e laboriosa adjectivação, podem desencorajar o leitor mais desprevenido. Ler Ruben A. é como correr a maratona. É claro que eu nunca corri nenhuma. Mas já li Ruben A..

2 comentários:

Daniel Rocha disse...

Caro manuel,

Duas notas acerca da tua lembrança de Ruben A.: para os fãs de literatura de viagens, aconselho vivamente a leitura de "Um adeus aos deuses" (fantástica descrição de espaços da hoje perseguida Grécia e um espantoso conhecimento da História - a sua área de formação, com trabalhos geniais sobre D. Pedro V), onde (concordo contigo!) o fôlego para acompanhar Ruben tem de ser bem grande mas vale muito a pena; segundo, leitura obrigatória da "Torre da Barbela", romance histórico mas caótico, ou talvez não, é uma obra simplesmente única.
Bem, já agora uma terceira nota, não perder a fotobiografia (preparada por Liberto Cruz, pelo José Brandão e pelo filho Nicolau) "O mundo de Ruben A.".
É uma vida fantástica e episódios inacreditáveis! Sabes que ele visitou o Museu Nacional de Atenas nu?
E depois há todos os seus outros textos literários. "O mundo à minha procura" uma autobiografia ao jeito da "Criação do Mundo", de Torga. "As cores". As crónicas no diário popular (que já li no jornal mas, creio, que ainda não estão publicadas. Para além do rigor das obras históricas (todas, estas, assinadas com Ruben Andresen Leitão.
Enfim, grande escolha!
Abraço!

Anónimo disse...

http://antonioquadros.blogspot.com/2010/04/antonio-quadros-sobre_19.html