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A leitura de Osculatriz revela-se um corpo estranho e fascinante. Vou nas primeiras trinta páginas e na minha cabeça ressoa já um título para um ensaio (que nunca escreverei) decalcado de Günter Grass: "Escrever depois de Rui Nunes". * Ontem durante toda a manhã o vento mais restos de chuva nas janelas. Manhã sem nuvens recortadas — apenas uma mancha cinzenta uniforme a cobrir o céu. Saber que não sei descrever as coisas, sei unicamente olhá-las. E ainda assim arriscar uma frase que diga tudo o que vi. Olhei. * Algures neste prédio há uma porta que range com força de portão medieval em castelo abandonado. Às vezes a desoras e quando o silêncio se impõe em todo o lado. E nesse instante sobressalto-me como criança assustada.

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