Duas pequenas notas e não volto mais a estes assuntos (25)


1. O argumento de Cristas, sobre Liberdade e Segurança, apoia-se num sofisma. Diz a líder do CDS-PP: as pessoas para se sentirem livres têm de sentir-se em segurança, daí ser necessário um reforço da segurança. Nada poderia estar mais errado. Os estados autoritários, que apoiam todo o seu existir no reforço da segurança e no reforço da autoridade dos agentes de segurança (e tantas vezes no abuso da autoridade desses mesmos agentes de segurança), prezam a Liberdade? Mas o mais grave destas declarações é o facto de as mesmas estarem inseridas num contexto de suposto abuso de autoridade por parte de forças de segurança; abuso esse que está a ser investigado, decorrendo o respectivo inquérito. Cristas aproveitou a "acha na fogueira", lançada pelo representante da associação sindical da polícia, para mandar esta bojarda. Cristas é nisso especialista: surfar a onda, sem propostas concretas, fomentando um populismo primário (digno de André Ventura e Mário Machado) para daí retirar dividendos políticos, para o seu partido, e pessoais.

2. Mas, até agora, não ouvimos Cristas reagir aos números assustadores:  nove mulheres mortas desde o início do ano, em contexto de violência doméstica. Estas nove mulheres viram-se efectivamente privadas da sua Liberdade, pois são nove mulheres que hoje, dia seis de Fevereiro, não respiram, não trabalham, não abraçam os seus filhos. Elas sim foram privadas, na totalidade, da sua Liberdade. Elas sim viram a sua Liberdade ameaçada vezes e vezes sem conta. Elas sim, dia seis de Fevereiro, não têm Liberdade.

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