Um poema de Óssip Mandelstam
Com olho de vespa fina que suga
o eixo da terra, o eixo da terra,
sinto tudo o que me foi dado ver
e tudo recordo de cor e sem regra.
Não pinto, não canto, a voz negra
do arco do violino não esgrimo,
só espeto o ferrão à vida e da vespa
invejo o rosto potente e ladino.
Oh, se o ferrão do ar e o calor do estio
levassem a que também eu pudera —
contornando o sono e a morte — ouvir
o eixo da terra, o eixo da terra.
em Fogo Errante - Antologia Poética, tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra, Lisboa: Relógio D'Água, 2001, p. 101.
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