Um poema de Miguel de Carvalho
Casa-Tempo
porque nem sempre tive uma idade
morreu nela um tempo muito perto
mesmo assim ainda longe
duma idade sem relógio nem instante
e aquela eternidade que me espera por fim
na varanda interior deste ciclo
violenta cada pulsão sem prazo
e cada época sem validade
porque nunca encontrei uma casa
nem uma idade ou uma inocência
nem uma data ou um ponteiro em cada passo?
desde ontem comecei a procurar
outra coisa fora deste tempo
onde não cabe uma idade
muito menos uma concepção de casa.
em Casa, Coimbra: do lado esquerdo, 2016, p. 61.
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