Penso que são as pequenas coisas
que nos situam no nosso tempo, ou num determinado tempo. Há quem defenda que
estamos na pós-modernidade. Há quem defenda que estamos na era do capitalismo
selvagem. Há quem defenda que estamos no neoliberalismo. Há quem defenda que
estamos num beco sem saída. Sou adepto desta última teoria: estamos num beco
sem saída. Exemplos há muitos. Vou apenas, convosco, partilhar um. Ontem chovia
bastante. Nos dias de muita chuva o trânsito à
porta das escolas aumenta exponencialmente. Ontem o trânsito, aqui, estava
caótico. Mas não é isso que importa aqui destacar. Aquilo que eu quero destacar
é o seguinte: estava eu a chegar ao portão da escola e um carro estaciona mesmo em frente ao portão; um adulto sai do carro
com um guarda-chuva que, prontamente, abre; contorna o carro até à porta do
passageiro; abre a porta do passageiro e protege, da chuva intensa, o seu
educando; leva o educando até ao portão da escola, protegido pelo guarda-chuva; depois deixa ir o educando à chuva até à entrada dos alunos; e, acreditem ou não, diz "vai com cuidado e não te molhes muito". Isto é: temos um
encarregado de educação que traz o seu educando de carro até ao portão da
escola, abre-lhe a porta, protege-o com o guarda-chuva e depois não lhe dá um
guarda-chuva para o resto do caminho, nem para o resto do dia. E é isto:
estamos num beco sem saída. Ou, então, numa época muito parva.
1 comentário:
O educador é que se protegia da chuva.
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