No passado dia vinte de Abril, a caixa de correio electrónico da Medula recebeu o seguinte e-mail:
Reclamação #1/2016
Boa noite
Quando acabei de escrever o meu livro, no já
longínquo ano de 2000, sabia que ainda não estaria pronto para o tentar editar.
Nem o livro, nem eu. Mas os anos passaram... e finalmente decidi que estava na
hora (ou o livro decidiu-se, como preferirem). Foi preciso alguma coragem, mas
lá me forcei a enviar o manuscrito para a vossa editora (e para algumas outras
também, confesso). Das "grandes" editoras esperava silêncio, mas da
vossa não. Pensei que, mesmo recusando a hipótese de publicação, poderia obter
da vossa parte um incentivo de qualquer tipo ou, imaginava eu, um breve dedo
apontando na direcção certa. Na minha mente instalara-se a certeza de que vocês
ou já tinham estado no meu lugar, ou tinham conhecimento de vários casos
semelhantes. O resultado foi o inverso do que esperava. Das classificadas de
"grandes" editoras recebi um cordial não, mas da vossa o mais fundo
dos silêncios. E isso desanimou-me. Muitos pensamentos, a maior parte deles
pouco agradáveis, percorreram a minha mente. Mas um deles era recorrente e
tomou forma de questão: mas será que, mesmo não gostando das minhas palavras,
não poderiam ao menos ter enviado uma resposta? Foi esta a razão que me levou a
escrever-vos esta reclamação. Não possuo os meios para criar uma editora
(in)dependente, nem contactos suficientes para arriscar uma edição de autor que
não resulte num monte de livros encaixotados na minha sala. Não pensem, porém,
que isto é uma espécie de carta amargurada. É apenas um desabafo, talvez. E a
única forma que encontrei de acabar foi com uma citação do grande W.B. Yeats:
"Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos. Eu estendi meus sonhos
sob os teus pés. Caminha suavemente, pois caminhas sobre os meus sonhos."
Atenciosamente
nuno
O mais interessante é o seguinte: nunca a Medula recebeu qualquer original do referido Senhor. Um outro dado curioso é o nome do assunto: Reclamação #1/2016. Significa que é a primeira reclamação deste ano? Haverá mais?
Outro pormenor: mas lá me forcei a enviar o manuscrito para a vossa editora (e para algumas outras também, confesso). Não precisava, afinal, o Senhor Nuno de confessar nada, pois o e-mail que enviou vinha com CC em vez de BC. Isto é: sei para que outras editoras o livro foi "enviado".
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