Want
to want to want to
Birds
are singing loud ... all around us
Julia Holter
Como nunca ensinei o
coração a bater um pouco mais devagar, ele às vezes desacelera e pára por
completo, espantado que fica com a realidade das coisas. Poderia aqui dar
alguns exemplos, mas de nada serviria. Devido a isso, por vezes, sou obrigado a
correr, quando sinto que ele procura, a todo o custo, parar. Nessas alturas
corro pelas ruas e as pessoas olham para mim como se eu não fosse deste mundo.
O meu coração insiste, pois fica também espantado com a reacção das pessoas à
minha corrida. E eu corro ainda mais. Até que sou obrigado a parar devido ao
esforço. Sento-me e dou tempo ao coração. Ele lá cumpre o seu espanto e,
enquanto isso acontece, perco noção do tempo, do espaço e penso que não é assim
uma sensação tão má. Mas, passados alguns segundos, ele retoma o bater. E a
vida continua. Sem espanto algum.
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