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Enquanto descascava uma laranja ia pensando nesta porra que é a vida. E, verdade seja dita, podia ser uma porra bem pior, apesar de não ser grande coisa toda esta merda em que chafurdamos sem remédio. Mas o ponto alto do meu dia (sim, o meu dia tem sempre um ponto alto) foi aperceber-me que, aos trinta e sete anos (37), só as Testemunhas de Jeová se dirigem a mim com um jovial ― oh jovem! ― enquanto tentam entregar aqueles papéis que trazem sempre com elas e que eu aprendi a recusar, pois já não me importo que as Senhoras (são quase sempre senhoras) fiquem amuadas e pensem ― bolas, menos um que conseguimos distribuir e agora vamos levar raspanete ― apesar de serem as únicas que ainda me acham com cara de jovem. 

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