Assim, a vida humana não passa de
uma ilusão perpétua: não se faz outra coisa que não seja enganarmo-nos e
lisonjearmo-nos uns aos outros. Ninguém fala de nós na nossa presença como fala
na nossa ausência. A união que existe entre os homens baseia-se apenas neste
logro mútuo; e poucas amizades subsistiriam se cada qual soubesse o que o seu
amigo diz dele na sua ausência, embora fale então sinceramente e sem paixão.
O homem não é,
portanto, senão disfarce, mentira e hipocrisia, para consigo mesmo e para com
os outros. Não quer que lhe digam a verdade. Evita dizê-la aos outros. E todas
estas atitudes, tão afastadas da justiça e da razão, têm uma raiz natural no
seu coração.
em Pensamentos, tradução e notas
de Américo de Carvalho, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1988, pp. 56-57.
1 comentário:
Tão verdade!
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