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Correm os rumores: o último livro de Herberto Helder está à venda nas superfícies comerciais de uma grande cadeia de hipermercados. Se o rumor for verdade, confirma-se, também, aquilo que há muito é visível: Herberto Helder é uma vedeta. Vedeta, como sabemos (depois de Debord nos ter ensinado), é a «representação espectacular do homem vivo»[1]. Depois da operação de marketing desenvolvida – uma operação ao melhor jeito português: agressiva e parola –, confirma-se, ainda, a banalização daquele que muitos consideram o maior e melhor poeta vivo português. Dito isto, cito novamente Debord: «A raiz do espectáculo está no terreno da economia tornada abundante, e é de lá que vêm os frutos que tendem finalmente a dominar o mercado espectacular, apesar das barreiras proteccionistas ideológico-policiais, qualquer que seja o espectáculo local com pretensão autárquica.»[2].





[1] Guy Debord, A Sociedade do Espectáculo, tradução de Francisco Alves e Afonso Monteiro, Lisboa: Antígona, 2012, p. 35.
[2] Idem, p. 34.

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