Etty Hillesum


(...). Porque se fossem verdadeiras, se sentíssemos realmente aquilo que afirmamos, não precisávamos de enfatizar como o fazemos, (...) e então poderíamos falar sobre o bom estado do tempo e sobre a sopa de legumes, em vez de nos atormentarmos com conversas sobre política que nos servem apenas para dar vazão ao ódio. Porque o pensamento político, o tentar ver algo das linhas gerais e descortinar um pouco do que está por detrás delas, é uma coisa que praticamente desapareceu das nossas discussões; nada é aprofundado e, por esse motivo, hoje em dia não é interessante conversar sobre esses assuntos com outra pessoa.


em Diário: 1941-1943, tradução de Maria Leonor Raven-Gomes, prefácio de José Tolentino Mendonça, Lisboa: Assírio & Alvim, 3ª edição, Colecção Teofanias, 2009, p. 71.

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