Antonio Orihuela



Quase todos os autores que aqui tenho apresentado, como “afinidades afectivas”, estão mortos. A morte, nestes casos, dá algum jeito, pois permite-me falar com à-vontade. A morte evita, nestes casos, a crítica a algum pedantismo existente – pois existe sempre um certo grau de pedantismo naquilo que se escreve. Antonio Orihuela ainda não morreu. Espero que viva durante muitos e bons anos. Tive o privilégio de o conhecer pessoalmente (é nesta parte que começa o certo grau de pedantismo). Foi em Punta Humbria, nos idos de 2008. Antonio Oriuhela gostou dos poemas que eu li, com algumas cervejas no bucho, num café cheio de fumo. Quis-me conhecer. O Luís Filipe Cristóvão apresentou-nos. No dia seguinte ouvi-o dizer parte de um longo poema, que só de pensar nele começo a ficar arrepiado: Que o fogo recorde os nossos nomes. É uma espécie de despedida. Ou melhor: é uma despedida. Parece que Orihuela esteve muito doente e as perspectivas de ficar cá para contar a história eram muito poucas. Por isso escreveu esse poema fortíssimo (um pouco ao estilo de Howl). Mas ficou para contar a história. E para lê-lo em público. Tremendo.

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