Tendo em conta o massacre, o genocídio do povo palestiniano em Gaza, sou assaltado muitas vezes pelos versos do poeta polaco Juliusz Slowacki, que li, como epigrafe, num poema de Zbigniew Herbert: Não é tempo de chorar as rosas/quando há florestas a arder.
meia-noite todo o dia
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Uma coisa é certa (e Paulo Raimundo tem toda a razão): até dia 10 de Outubro não havia Orçamento de Estado e só se falava de medidas que iriam estar no Orçamento de Estado. Depois do dia 10 de Outubro há Orçamento de Estado e não se fala dele, pois andam-nos a entreter com novelas e novelinhas. Mas falar do que é essencial (o Orçamento de Estado) é que não. Nada. Nicles. Batatoides.
Pequena declaração dominical
Sérgio Sousa Pinto é o que de mais reaccionário (ainda se pode dizer?) existe no PS. A sua arrogância, mascarada de ética republicana (bengala que fica sempre bem usar), é uma vergonha e, penso, uma embaraço para as forças mais progressista dentro do PS.
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Mas não nos iludamos. A discussão sobre a validade, ou não, do IRS Jovem deve acontecer; a discussão sobre o IRC deve acontecer; a discussão sobre os comentários impensáveis a propósito dos jornalistas deve acontecer. Mas não nos iludamos. São tudo cortinas de fumo que desviam a atenção daquilo que é essencial: o aumento dos salários, das pensões, o reforço do SNS e da Escola Pública, o direito à habitação.
Indignar-me é o meu signo diário
Não considero um exagero dizer que Montenegro (que ainda é o Primeiro-Ministro de Portugal) atacou ontem a classe dos jornalistas, tanto na sua dignidade e profissionalismo, como também na sua ética. O episódio dos "auriculares" é de um provincianismo atroz, não sendo digno de um Primeiro-Ministro. O seu comentário, desrespeitoso e tacanho, aproximou-o de um governante "à la Trump" (onde os meios de comunicação social são constantemente retratados como "nasty people") e da extrema-direita que vê os meios de comunicação como alvos a abater (excepto de forem detidos pela mão que alimenta), apesar do discurso mentiroso do "respeito pela liberdade de expressão".
Acresce a tudo isto o "plano" do governo para a RTP, nomeadamente com despedimentos programados e perda de receita própria (através do fim da publicidade paga). Não esquecer, ainda, o dinheiro do erário público que está previsto para os grupos privados de comunicação. Um deles, a SIC (detida totalmente pelo grupo Impresa) tinha uma passivo financeiro, no final de 2023, superior a 212 milhões de euros.
Sobre a questão da habitação
As medidas avulsas do governo estão a ter estas consequências. Aliás, não nos podemos esquecer daquilo que disse a Ministra da Juventude, no dia 1 de Agosto, relativamente ao apoio à habitação, promovido pelo governo: este iria ter um efeito "marginal" e que o mais provável é que faça subir, ainda mais, os preços das casas.
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No fim-de-semana passado, um soldado da GNR foi apanhado numa manifestação neonazi em Guimarães. Foi apanhado porque entrou em confrontos com a PSP.
Hoje, na sala de professores, ouvi "não sou racista, mas não gosto de ciganos".
Há uns anos este género de discurso acontecia. Mas depois, durante algum tempo, desapareceu. Agora, legitimado pelo discurso de ódio proferido por eleitos à Assembleia da República, voltou com um à-vontade enorme, sem vergonha na cara, rosto levantado e orgulho.
Benoît Bréville
A história vê-se manipulada para alimentar estes conflitos, quando deveria ser utilizada para os compreender, para conhecer as suas raízes e o que está em jogo. Mas o instantâneo é mais adequado à narrativa que os comentadores querem transmitir. Para eles, a conclusão é óbvia: a guerra na Ucrânia começou a 24 de Fevereiro de 2022 e a guerra em Gaza a 7 de Outubro de 2023; num caso, a Rússia atacou a Ucrânia e no outro, o Hamas atacou Israel. Ora, as vítimas têm todo o direito de se defender, e o Ocidente tem todo o direito de as ajudar a fazê-lo. Está demonstrado o que se queria demonstrar.
Não que seja falso. Mas dar um passo atrás dá uma imagem completamente diferente. A guerra na Ucrânia não pode ser compreendida sem recordar que, quando a URSS entrou em colapso, enquanto a Rússia estava de joelhos e já não constituía uma ameaça, os Estados Unidos optaram por manter a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Esta integrou a seguir um número crescente de antigos membros do Pacto de Varsóvia, bem como de antigas repúblicas soviéticas, com planos para integrar a Geórgia e a Ucrânia. Uma aliança anti-russa, um enorme destacamento militar e estratégico às portas da Rússia. Imagine-se, como ironiza Noam Chomsky, que o México assina uma aliança militar com a China e, depois, autoriza a China a estacionar tropas e armas mesmo junto à fronteira americana, apesar dos avisos de Washington… Se os Estados Unidos reagissem invadindo o território mexicano, quem acredita que a União Europeia, preocupada em fazer respeitar o direito internacional, entregaria dezenas de milhares de milhões de dólares ao país agredido?
em Le Monde Diplomatique - edição portuguesa, Outubro 2024, p. 25.
Um ano após a barbárie: o genocídio
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Pela segunda vez num prazo de quinze dias, o pessoal não docente (Assistentes Operacionais e Assistentes Técnicos) da minha escola, em união e força, aderiram à greve decretada para hoje, dia 4 de Outubro, pela FNSTFPS (Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais | CGTP-IN).
Os trabalhadores não docentes, de forma justa, exigem a criação de carreiras especiais, aumentos salariais e melhores condições de trabalho. O fim da precariedade também é uma das justas reivindicações, bem como o reverter do processo de municipalização (que se encontra plasmado no programa de Governo).
Venho, desta forma, saudar a luta do pessoal não docente e demonstrar a minha solidariedade.
A luta continua! ✊
Indignar-me é o meu signo diário
Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares.
Podemos dizer, sem qualquer sombra de dúvida, que a CPR é anti-imperialista e anticolonialista. No entanto, o Estado Português, nas figuras do seu Governo e Presidente da República (que juraram aplicar e defender a CPR), continuam a assobiar para o lado ao não condenarem o genocídio em Gaza, os colonatos israelitas na Cisjordânia e a invasão do Líbano por parte de Israel.
"Mais factos, menos fachos"
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No outro dia ouvi Martim Silva, director-adjunto do Expresso, dizer em directo na SIC Notícias: "Vamos acreditar na boa-fé do que Marcelo Rebelo de Sousa disse". E soltei uma gargalhada.
Sábado, 28 de Setembro: Casa para viver
Indignar-me é o meu signo diário
Foto: Bruno Favre / EPA
Viriato Soromenho-Marques
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Os Donos Disto Tudo
Noam Chomsky
Tradicionalmente, o intelectual encontra-se dividido entre as exigências contraditórias da verdade e do poder. Ele gostava de ser o homem que procura discernir a verdade, dizer a verdade como a vê, agir — coletivamente quando possível, sozinho quando necessário — de forma a opor-se à injustiça e à opressão, e ajudar na criação de uma melhor ordem social. Se ele escolher este caminho, tornar-se-á numa criatura solitária, desprezada ou injuriada. Se, por outro lado, colocar os seus talentos ao dispor do poder, pode alcançar o prestígio e a riqueza.
em Os Senhores do Mundo, tradução de Paulo Barata, Bertrand, 2016, p. 27