Dos invernos passados, recordo
os primeiros dias de sol:
eram irrepetíveis e sempre
e sem fim se repetiam.
os primeiros dias de sol:
eram irrepetíveis e sempre
e sem fim se repetiam.
Pouco a pouco, com o passar
dos anos, há desses dias únicos
o terminar, quando nos parece
que o tempo se detém.
E a todos consigo evocar:
o inverno vai a meio e empapam-se
os caminhos, pingam os terraços
e sobre o gelo descansa o sol.
Como num sonho, os amantes
à pressa um para o outro caminham
e, com o calor, no alto das árvores
fumegam, dos tordos, os ninhos.
E os ponteiros, sem forças, do relógio
adormecem sobre a sua face.
E o dia passa a durar um século
e o abraço parece não terminar.
em Dias únicos – Antologia poética, tradução do russo para o espanhol de José Mateo e Xènia Dyakonova, Madrid: Visor Libros, 2012, p. 115
Sem comentários:
Enviar um comentário