Com os braços deitados na memória
dos velhos objectos que fazer
que fazer do bronze e da certeza
dos amargos amigos a morrer
dos antigos a boca em cada gesto
amigos o amor que os consome
que fazer se nada reactiva
o mecanismo aos passos e ao nome
se nem pedras nem aves os motores
das estações do ano sobre o corpo
dos rios de metal o que fazer
em cada um de vós o abandono
se queimadas a voz e a garganta
nenhuma forma ou cinza ainda perdura
mais densos os amigos do que a morte
exilados do mar na água dura.
em Entre Sílabas e Lava, organização, textos e notas de Fernando Guimarães, Lisboa: Assírio & Alvim, 2024, p. 50.
Sem comentários:
Enviar um comentário