Os Garfo são Bernardo Tinoco (saxofone tenor), João Almeida (trompete), João Fragoso (contrabaixo) e João Sousa (bateria). Este quarteto foi uma das belas surpresas que tive em 2021, relativamente ao jazz feito no nosso país. O álbum homónimo é composto por dez temas, onde se percebe um gosto pelo minimalismo e também uma forte atenção ao pormenor. O tema "Ciclo" é disso um bom exemplo: começa com um breve diálogo entre saxofone e trompete, que dá depois lugar a todos os outros instrumentos, mas de uma forma muito discreta, quase silenciosa. O trabalho de João Fragoso no contrabaixo é digno de nota, não pelo virtuosismo, mas sim pela maneira como liga, "cola", os instrumentos uns aos outros, dando dessa maneira corpo ao tema. O quarteto tem, aliás, um grande sentido de equilíbrio, isto é, concilia muito bem aquilo que de mais moderno se faz no jazz actualmente, embora nunca descurando toda uma tradição que lhes serve de suporte. O tema "T" é, para o meu ouvido, a desconstrução de um tema bebop, ou hard bop, com um toque de modernidade que não passa despercebido. Sem dúvida alguma um grande álbum.
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