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O gato anda a miar pela casa. Estou frente à televisão e leio as notas de rodapé. Continua a miar. Parece saber o que faço e tenta sem sucesso avisar-me "não vale a pena leres isso pois o mundo está igual a ontem". Muito provavelmente: tem razão.

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Há pouco li estes versos: "Mundo, só um assim. Viver, / só desta maneira." (Szymborska). Se bem entendi: nada de arrependimentos. É certo que não tenho muitos. Apenas a dose certa para o equilíbrio necessário dos dias.

São sete e dez da manhã. "Nada de ócio e diletantismo" parece dizer o relógio. O dia de trabalho espera-me. Apetece dizer "Mundo, nem só assim. Viver, / talvez doutra maneira.".

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