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Vi, pela primeira vez, O Espelho de Tarkovsky. Quando depois do filme retomei a leitura de Nítido Nulo, de Vergílio Ferreira, não consegui deixar de pensar nas semelhanças entre o filme do realizador russo e o romance do autor português. Ou: nas possíveis semelhanças. Em Tarkovsky é um moribundo que conta a história e que está para lá da História. Em Vergílio Ferreira é um prisioneiro que conta a história mas que também está para lá da História. Em O Espelho a realidade e o plano onírico cruzam-se constantemente. Em Nítido Nulo: também. Tudo isto pode ser muito rebuscado, escusado e sem pés nem cabeça. Talvez esteja a ver ligações onde elas não existe, pois duvido que Tarkovsky tenha lido Nítido Nulo. Vergílio Ferreira poderá ter visto o filme. É uma forte possibilidade. Mas sabemos que escreveu o romance muito, muito antes.

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