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Parece que começa hoje a Feira do Livro de Lisboa. Tento lá ir todos os anos se estou por perto. Lá irei este ano, nem que seja para comer uma Bola da Praia. Mas cada vez mais aquilo tem muito pouco de livro e cada vez mais tem muito de fogueira das vaidades. Chega a ser confrangedor ver alguns escritores sentados à mesa à espera que alguém lhes peça uma dedicatória no livro que acabaram de comprar. E não estou a falar em autores como Lobo Antunes, ou sucedâneos, apesar de também ser confrangedor olhar para eles. Estou a falar naqueles autores que ninguém conhece e que publicam em lugares como a Chiado, ou sucedâneos, e que são enganados (sim: enganados é a palavra certa) com promessas que nunca serão cumpridas e com aquela frase que sempre desejaram ouvir: "vai estar na Feira do Livro de Lisboa!". São esses que ardem mais lentamente, na braseira da vaidade, porque nem fogueira chegam a ter. 

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