Não foi preciso ler Herberto para saber que se
consegue enlouquecer facilmente, ou que não é preciso muito para enlouquecer.
Bukowski também nos ensinou que não são as grandes tragédias que nos levam ao
manicómio. São as pequenas. É ler o poema The
Shoelace. Está lá tudo. A mim, o que me vale, é estar bem
na pirâmide social. Não me posso queixar muito, apesar de me queixar. A verdade
é que não tenho que me preocupar muito com a comida na mesa, pois nunca me
faltou. Assim, posso perder tempo a escrever estas coisas: comentar recusas de
prémios literários, antologias de poemas, livros de poemas, entre outras
superficialidades, como a existência ou não de Deus. Mas também é verdade isto: se não
fossem todas estas superficialidades, há muito tinha enlouquecido.
2 comentários:
Há sempre muitas razões para se enlouquecer, basta que essas razões aconteçam ao mesmo tempo, o importante é conseguir voltar da loucura, eu acho que eu-próprio o estou a conseguir fazer aos poucos (um pormenor apenas de contexto).
Ao mesmo tempo, não consigo deixar de pensar numa amiga minha, que, devido ao seu modo de viver e sentir, me faz reconhecer que se ela precisasse de trabalhar... bem, há muito tempo que já tinha sido hospitalizada e até medicada até ao estado de vegetal.
Acho que uma das razões que livram muita gente das garras da loucura é o terem acesso regular ao dinheiro de que precisam para viver.
O dinheiro não é tudo mas tendo-o... isso ajuda-nos a ter mais opções e logo mais saúde.
Talvez esse seja um dos grandes mitos literários. Talvez enlouquecer seja bem mais difícil do que aquilo que as páginas e os ecrãs nos querem fazer crer.
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