Aprendi com Schopenhauer: o orgulho nacional é
uma das formas mais mesquinhas de orgulho. Assim, nunca tive, não tenho e não
terei orgulho do meu país. O meu país, na realidade, aborrece-me profundamente.
E talvez eu aborreça o meu país, isto porque não me sinto português. Sinto,
isso sim, que os anos me fizeram português (obrigado João César Monteiro).
Devido a isso padeço de vários males associados à minha nacionalidade. Um deles
é a autocomiseração. Mas, pior do que a minha autocomiseração, ou pior do que a
autocomiseração individual de cada um de nós, e pior do que o orgulho nacional,
é, quanto a mim, a autocomiseração nacional. É essa autocomiseração nacional
que nos leva à passividade nacional. Sim: somos um país passivo, tal como o são
alguns fumadores que, no fundo, gostariam de fumar mas abstêm-se de o fazer com
medo das doenças que poderão vir a ter.
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