Já que falei
em poetas, vou entrar com eles, fazendo primeiro a advertência de que os poetas
parvoneses se dividem em dois bandos adversos, que não se podem ver um ao
outro, e que podemos designar assim: poetas de grenhas e poetas das brenhas.
Os primeiros,
disciplinados e comandados por um chefe, que dá a senha literária, submetem a
este as suas obras, e só as mandam correr mundo quando o chefe, depois de
consultar como os romanos os animalejos do seu quintal, lhes permite que
corram, porque ouviu cantar as cigarras na copa da sua olaia!
Os segundos
não têm rei nem roque, adoram o ideal, e dão marradas poéticas no senso comum de
quem não estiver à altura da inteligência parvonesa, como a mim me aconteceu
por muito tempo.
em A Parvónia – recordações de
viagem, Lisboa: Frenesi (conforme as edições de 1868 e 1894), 2007, p. 187.
Sem comentários:
Enviar um comentário