É ofício do poeta contactar o
medo
expor o avesso do rosto perante
a ferida. As coisas breves
os touros de carvão a luz
de abril que agora me apavora
viram partir as palavras
para a conclusão do nome.
De tudo o que foi e é ainda
a razão do sangue
restará sempre abrir o medo
às coxas das mulheres
ouvir à noite o uivo
das sombras geladas
o halo da luz crua
dos fantasmas esvoaçantes
dos ventres das mães.
em Movimento de Terras,
Lisboa: Língua Morta, 2016, p. 130.
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