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O objectivo da aula de hoje era rever o recurso expressivo comparação. Tendo em conta que estou na unidade que contempla o Texto Poético, decidi rever o conteúdo também de uma forma lúdica (não confundir lúdico com brincadeira). Preparei, previamente, oito tiras de papel. No primeiro grupo estará o início do verso (a partir de agora as frases são "versos"). No segundo grupo estará o fim do verso (iniciado pela palavra "como"). Pedi a quatro alunos que retirassem uma tira de papel do primeiro grupo e a mais quatro que tirassem uma tira do segundo grupo. De seguida, em grupos de dois, cada um leu o que estava no seu pedaço de papel e os resultados foram anotados no quadro.


O passo seguinte poderá ser um pouco mais complicado, pois envolve a parte teórica. Recuperando os conhecimentos previamente adquiridos pelos alunos, tentou-se que eles chegassem a uma definição de comparação, o que não foi muito difícil. Salientou-se, ainda, que a comparação também pode ser feita com  como ou parece ou tal como (acrescentou no final um dos alunos). Tudo foi registado no quadro e nos cadernos diários. A seguir, a turma foi dividida: um grupo de alunos escreveu a parte inicial do verso; o outro grupo escreveu a segunda parte, começando-a com como. Mais uma vez foram feitos "montinhos" com as tiras de papel e foi pedido aos alunos que tirassem uma tira cada um (o aluno que fez a parte inicial retira uma tira da parte final e vice-versa). Leitura em voz alta e registo no quadro.


Novamente procurou-se apelar à criatividade dos alunos, à "veia poética" (pergunta um aluno: "está no braço esquerdo ou direito?"). No seguimento desta actividade surge uma outra: Resposta. Que pergunta? Nela um grupo de alunos é convidado a formular uma pergunta. Uma única regra: tem de ser incrivelmente estapafúrdia. O outro grupo tem de escrever uma resposta, seguindo a mesma regra, mas começando a resposta por como ou contendo a resposta uma comparação (nada pode ser perdido). Fazem-se os montinhos: o grupo que fez a pergunta, lê e anota a resposta; o grupo que fez a resposta, lê e anota a pergunta.


Por último, partimos para a construção de um poema que terá de ter uma ou várias comparações (é deixado ao critério de cada um). Para isso recorre-se ao cadáver esquisito: numa folha de papel é escrito um primeiro verso, sendo que a última palavra desse verso será o início do verso seguinte. O papel é dobrado, ocultando-se o verso inicial, deixando visível, apenas, a primeira palavra do seguinte verso e assim sucessivamente, até todos os alunos terem contribuído com um verso. O resultado é lido em voz alta pelo professor, que registará no quadro o resultado obtido, pedindo aos alunos o título do poema. No caso de hoje, o verso inicial é da minha responsabilidade (Rimbaud traduzido por António Ramos Rosa), sendo o resto dos alunos.


Este simples exercício introduz dois novos conteúdos: o verso (agora sim na sua forma mais convencional) e a estrofe.




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