Um poema de Sofia Crespo


na cama
quando me chego não percebes
que nada me deixa dormir
senão a proximidade do teu corpo
numa lenta água de barragem
que se encalha como um navio
sobre ondas cada vez maiores
que se fazem da inquietação
de um calor que se orvalha
entre cada pedaço que te toca
ah e pedir-te pedir-te até à exaustão
um noite repetidamente lenta


em Um pássaro na ponta da língua, Lisboa: Mariposa Azual, 1ª edição, 1999, p. 35.