Manuel de Freitas


Gostar de poesia é algo de tão espontâneo e improvável como admirar as missas de Zelenka ou conseguir ver em Rothko mais do que uma sucessão aleatória de manchas de cor. Por isso sempre me irritaram tanto os catequistas que acham, seguindo argumentos pretensamente racionais, que devemos gostar seja do que for: Deus, futebol, Chopin, Agamben, ginástica sueca, Chivas regal ou Jean renoir. O gosto é autónomo e soberano, por definição. Suster o contrário é, na melhor das hipóteses, tarefa de propagandistas e merceeiros.

de «As Coordenadas Líricas» em Cão Celeste, nº 5, Maio de 2014, p. 3.

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