Ando sem vontade de escrever. Não
me apetece pegar no lápis. Ando com fobia ao word. Gostava, por momentos, de
não saber escrever. E quando digo não saber escrever é o mesmo que dizer não
saber ler. Nunca ter ido à escola. Nunca ter lido certos livros. Este, por
exemplo. A ignorância, como sabemos, é uma benção. Já aqui o disse: a leitura
de Michaux, depois dos trinta, marcou-me mais do que a leitura de Rimbaud aos
dezoito. Quem nunca leu este autor belga devia, desde já, procurá-lo por aí: «É
raro encontrar alguém sem que eu lhes bata. Há quem prefira o monólogo
interior. Eu não. Gosto mais de bater.». Michaux é um poeta que nos obriga a
viajar. As suas viagens – principalmente as interiores – lutam contra a sombra;
procuram o assombro.
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