Um poema de Rui Lage
Jovem mulher numa capela de aldeia
Num banco junto à parede,
fértil e escura como terra lavrada,
os olhos adormecendo no incenso
que a tomava pela cintura
e lhe dava o cansaço
da madrugada.
Os cabelos negros enredando o frio
que vinha de fora
pela porta que alguém esquecera aberta
mostrando ao fundo o rio
e a laranjeira despida
pela geada.
Morte
em ambos os lados da porta
dando entrada
e súbito o dia
e depois
mais nada.
em Corvo, V.N. de Famalicão: Quasi, 1ª edição, 2008, p. 54.