Eu nasci no ano em que Peter Townshend escreveu “My Generation” para os Who.
Eu, que coloquei todo o meu corpo fora da janela do carro do meu pai
enquanto ele fazia a chiar a curva da Cuesta de las Doblas,
em San Lucar, Sevilha.
Eu, que dancei slows em Palos de La Frontera.
Que morria de vergonha quando falava ao telefone
mas telefonava à minha namorada quatro vezes por dia.
Eu que atropelei um Guarda Civil com um Seiscentos
e que capotei na estrada entre Lucena e Bonares numa Dyane,
que dei quatro voltas dentro de um 850 no regresso de Trigueros.
Eu, que tirei mais soutiens do que cuecas,
que amei todo o ser vivo
que o tempo me ofereceu.
Eu, que continuo a passear pela praia
assobiando ao fantasma do meu cão
em novembro
as ondas como se nada disto
tivesse acontecido, realmente…
… Hoping to die before I get old.
Antonio Orihuela, «Yo nasci…», Comiendo terra, Biblioteca Babab,www.babab.com/biblioteca, Setembro de 2000, pp. 89-90
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