O Lamento de José de Arimatéia
Não suporto a voz humana,
mulher, acaba com os gritos do
mercado e que não regresse
a nós a memória do
filho que nasceu do teu ventre.
Não há maior coroa de
espinhos do que as recordações
que se cravam na carne
e que fazem uivar como
uivavam
no Gólgota os dois ladrões.
Mulher,
não te ajoelhes mais junto
do teu filho morto.
Beija-me os lábios
como nunca o fizeste
e esquece o maldito
nome
de Jesus Cristo.
Leopoldo María Panero, «El Lamento de José de Arimatea», em Poemas del manicomio de Mondragón, Madrid: Ediciones Hiperíon, 4ª edição, 1999, 55.
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