Um poema de Ernesto Sampaio

Tão pouco

Sondar
a linguagem das trevas
dormir
na neve dos limites
atravessar
flores distraídas

Decifrar
numa pedra fria
letras a arder
entrar
em comboios remotos
no olho gigante
das estações do fim do mundo

Ser
um sinal
lançado ao acaso na noite
deixar
noutra boca
o gosto de uma ausência

Temos tão pouco tempo
tão pouco sonho
tão pouco


em Feriados Nacionais, Lisboa: Fenda, 1ª edição, 1999, p. 20

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