Rui Baião


De rastos

Chão polido, palavras tontas, grandes cães. À escuta,
a inocência em tal estado de graça, castigauma dor dupla.
Desculpa, o que faço comigo. Mas quanto ao que está,
estamos falados: uma fractura imposta, uma coleira
ao pescoço, um açaimo na fala. Agora é já tarde,
se for para nunca. D'olhos fechados, surdo
mudo a fechadura. Atenção aos batimentos,
atenção aos bastidores. um espanto,
estes canais de cálcio!...


em Barbearia Tiqqun, Lisboa: Ed. Viúva Frenesi, 2017, p. 17.

Sem comentários: