Distância focal

 




Às vezes procuro tirar uma fotografia com um fotógrafo que aprecio em mente. No presente caso pensei em Joel Sternfeld e no seu trabalho "American Prospects". A verdade é que os arredores, esses lugares de fronteira entre o urbano e o campestre, sempre me fascinaram.

Petra Wittmar





Distância focal

 




Durante muitos anos fotografei a preto e branco. A fotografia a cores era sempre relegada para um segundo plano, não porque considerasse ser uma "arte menor" ou "utilitária", mas porque as minhas referências tinham fotografado a preto e branco. Agora, o uso da cor começou, em mim, a ganhar espaço. Gosto de explorar, cada vez mais, o seu uso. Esta fotografia que apresento é disso exemplo.

Distância focal

 




A grandiloquência da fotografia de paisagem nunca me interessou. É certo que existe Ansel Adams. Mas nele interessa-me mais a maneira como trabalhou o preto e branco. Na paisagem prefiro a aridez contemplativa, por exemplo, de Robert Adams. E também me interessa um certo ruído, ou, se preferirem, interrupção. Não serve isto para procurar justificar, ou explicar, a fotografia que vos apresento, tirada ontem na charneca ribatejana. Serve apenas para vos dizer que é isso aquilo que procuro.

Distância focal

A primeira máquina fotográfica lá em casa foi uma "Silver" comprada no Senhor João Merrinha e foi-me oferecida pelos meus pais num Natal, tinha eu perto de dez anos. Era a típica "point and shoot", toda em plástico e sem flash (o que impedia fotografar em interiores). Tirei algumas fotos com ela, mas não muitas, já que rolos, revelações e impressões extravasavam o "plafond de luxo" da família. Sim: fotografar, em casa dos meus pais, era um luxo reservado para as ocasiões mais especiais. Anos mais tarde, uns tios emigrados em França ofereceram-me uma Kodak Graffiti, que levava rolos 110. Tinha flash incorporado e foi um upgrade fantástico. Mas, mais uma vez, era um luxo. Tanto uma como outra avariaram-se e só voltei a ter máquina fotográfica quando comecei a trabalhar e um subsídio de férias deu para comprar uma Nikon F65. Fotografar deixou de ser um luxo. Até ao dia em que a casa onde tinha um quarto alugado foi assaltada e levaram-me a máquina fotográfica e um portátil. Estávamos em 2006. Só em 2008 comprei nova máquina: uma Nikon D50. E todo um novo mundo de possibilidades surgiu. Agora fotografo com uma Nikon D610, ou com uma Ricoh GR III. Às vezes, quando me apetece, dou-me ao luxo de fotografar com uma Lomo LCA, ou com uma Nikon F65, que entretanto comprei em segunda mão.

Das fotos



Cape Light - Joel Meyerowitz

 


Este é um livro do qual gosto muito. Meyerowitz consegue a simbiose prefeita entre cor, luz e sombra. Todas as fotos foram tiradas com uma câmara de grande formato (e isso nota-se bem nos detalhes presentes nas fotografias): uma velhinha Deardorff 8 por 10, usando uma lente grande angular (Ektar de 250mm). A pelicula foi Vericolor II Tipo L (descontinuada), ISO 80. As fotografias tiradas ao fim do dia tiveram uma exposição entre 4 a 10 minutos, a f90. Durante o dia: meio segundo a f90 também. Como diz o autor: "It's not a film for horse races.".

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Como é óbvio estou contente com a derrota da extrema-direita em França. Apesar de ter aumentado o número de deputados, ficou relegada para um terceiro lugar, quando algumas sondagens, durante vários dias, lhe davam a maioria absoluta. A adesão às urnas foi enorme e os franceses demonstraram que não querem reviver o passado em Vichy. Agora, resta à Nova Frente Nacional estar à altura da responsabilidade que lhe foi confiada.

Das fotos

 



Distância focal


A fotografia tem vindo a ocupar e a ganhar cada vez mais espaço na minha vida. Tal como um dia a poesia. No outro dia, por exemplo, recebi uma compra recente: "Election Eve", de William Eggleston. Já antes tinha adquirido "Mystery of the Ordinary". A descoberta de Eggleston, na fotografia, está para mim como a descoberta de António Reis, na poesia. E talvez ambos algures se toquem, naquilo que têm de quotidiano. Foi Eggleston quem um dia disse: “I am at war with the obvious.”. Vendo as suas fotografias acabamos por entender que sim, que há ali um combate, uma luta corpo a corpo. Acredito que Reis, na sua poesia, também combateu o óbvio, também lutou contra ele.

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André Ventura dirigiu-se aos agentes da PSP e guardas da GNR: "Todos ao parlamento!". Na comunicação social o apelo é quase tratado como uma nota de rodapé, algo sem importância. Agora imaginem o apelo "Todos ao parlamento!" feito por Pedro Nuno Santos, ou Mariana Mortágua, ou Paulo Raimundo. Como estariam hoje os noticiários? E as redes sociais? Conseguem imaginar? Eu consigo.

Craig Armstrong - The Space Beteween Us (1997)

 


Nos anos noventa, durante o "boom" do trip hop (aleluia!), Craig Armstrong apresentou-nos o seu álbum de estreia "The Space Beteween Us" (1997). Hoje, na Feira da Bagageira de Benfica, e por 4€!, tive a possibilidade de comprar este álbum que há muito queria ter, depois de o perder numa cassete no tempo. Este é o álbum perfeito para um dia como o de hoje, onde nuvens carregadas de cinza povoam esta parte da cidade e uma leve chuva nos obriga a apressar o passo de Domingo. Penso, por exemplo, no tema que abre este álbum: "Weather Storm": versão de um tema que pode ser encontrado no seminal "Protection" (1994) de Massive Attack. Aliás, Del Naja, Vowles e Marshall emprestaram ainda o seu talento para um outro tema: "Sly II". E não podemos esquecer a voz de Elizabeth Fraser no tema "This Love", que em certa medida antecipa a colaboração da vocalista de Cocteau Twins no álbum "Mezzanine" (1999) da formação de Bristol. Mas desengane-se quem pensa que vai encontrar as batidas do hip-hop, soul, dub ou reggae. Armstrong tem formação de composição clássica. E não podemos esquecer o seu trabalho para cinema, de onde destaco a banda sonora para "Romeu e Julieta" (1996), de Baz Luhrmann, e "O Americano Tranquilo" (2002), de Phillip Noyce. Mas é o tema "Glasgow" que gostaria de destacar deste álbum. Procurem-no, ouçam, respirem fundo e deixem-se levar. E, já agora, ouçam também "Let's go out tonight", versão de um tema de The Blue Nile, onde a voz de Paul Buchanan nos devolve alguma esperança.

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1. Em 2019, Jeanine Áñez tentou um golpe de estado na Bolívia.

2. Em 2020, Elon Musk afirmou, numa publicação no antigo Twitter, que os EUA "fariam os golpes que quisessem", numa altura em que o ocidente defensor da democracia neoliberal ainda esperava que a tentativa de golpe de estado de Áñez fosse bem sucedida.

3. A tentativa falhou, levou à eleição do actual presidente boliviano, Luis Acre, e Áñez foi condenada a 10 anos de prisão.

4. Ontem, 26 de Junho de 2024, houve nova tentativa de golpe de estado na Bolívia.

5. Os sindicatos e outros movimentos sociais, quando foram detectadas as primeiras movimentações militares, declararam greve geral por tempo indeterminado.

6. A população, numa grande mobilização geral, saiu às ruas em defesa do actual presidente.

7. O general Juan José Júñiga, responsável pelos militares que avançaram sobre o palácio presidencial, foi detido.

8. A tentativa de golpe de estado falhou.

9. A Bolívia tem as maiores reservas de lítio do mundo.

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Em 18 de Brumário de Louis Bonaparte, Karl Marx descreve Louis Bonaparte como "lumpenproletário principesco" e que levava vantagem sobre "o burguês crápula" porque tinha também a vantagem de "poder travar a luta com meios vis". Nos dias de hoje, e no nosso país, André Ventura é esse Bonaparte que Marx descreve.

Breve cronologia da desfaçatez (2)








Breve cronologia da desfaçatez


1. No dia 27 de Maio, PS (Madeira) e JPP anunciam uma coligação para governar a região autónoma da Madeira.

2.  No dia 28 de Maio, Ireneu Barreto (Representante da República no arquipélago da Madeira), afirmou que "a solução apresentada pelo partido mais votado, o PSD, que tem um acordo de incidência parlamentar com o CDS, e a não hostilização, em princípio, do Chega, do PAN e da IL terá todas as condições de ver o seu programa aprovado na Assembleia Legislativa".

3. No dia 29 de Maio, é o próprio Miguel Alburquerque, antes de ser indigitado, quem assegura que não iria "haver problemas" na aprovação do Programa do Governo e do Orçamento Regional. Acrescenta mesmo que tem garantias da IL e do CH de que não irão bloquear orçamento e programa do governo.

4. No dia 1 de Junho, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que recebeu a garantia do Representante da República de estabilidade política na Região.

5. No mesmo dia, CH afirma que se vai abster e viabilizar o governo de Miguel Albuquerque.

6. A 16 de Junho, JPP, PS e CH anunciaram que vão votar contra o programa de governo e contra o orçamento apresentado por Miguel Albuquerque.

7. Ontem, dia 21 de Junho, Miguel de Albuquerque  disse, assegurando, que não deu qualquer garantia de estabilidade ao representante da República, considerando que a conclusão foi tirada por Ireneu Barreto após as audiências com todos os partidos.

8. Cedências de Miguel Albuquerque, ao CH,   deverão permitir a viabilização.

Calendário

 



Calendário


Ministro: Imaginem que o professor de História torceu um pé e não pode vir dar aulas durante uma semana.

(Pausa dramática)

Coro: O que podemos fazer?

(Pausa dramática)

Ministro: O professor de Inglês (Pausa dramática) ocupa a hora do professor de História (Pausa) e dá Inglês.

(Pausa dramática)

Ministro: Depois (Pausa) quando o professor de História regressar (Pausa à Marcelo Rebelo de Sousa quando falou sobre a lei da interrupção voluntária da gravidez mas pela voz do Ricardo Araújo Pereira) compensa nas horas de Inglês.

(Pausa dramática)

Coro: E as outras turmas do professor de Inglês?

(Ministro demonstra perplexidade, admiração e procura Homem Cristo, que desvia o olhar e sai de cena. Ministro fica sozinho. Cai o pano)

Indignar-me é o meu signo diário


Desafio-vos a encontrarem uma resolução de condenação a Israel, aprovada no Parlamento Europeu, relativamente à actual situação em Gaza. 

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Há duas semanas, Miguel Albuquerque foi indigitado presidente do governo regional da Madeira pelo representante da República, Ireneu Barreto. Na altura, Barreto garantiu existirem condições de governabilidade e deu essa garantia ao Presidente da Republica (Marcelo Rebelo de Sousa expressou-a publicamente). Há dois dias, Barreto voltou a reiterar essa garantia em declarações à RTP Madeira.

Hoje, ficamos a saber que o CH não irá viabilizar o programa de governo de Miguel Albuquerque, juntando-se ao PS, que já o tinha declarado antes. Assim, a aprovação do programa do governo fica dependente do JPP, partido que tinha há duas semanas feito uma coligação com o PS, dizendo que estavam em condições de governar.

As condições de governabilidade, que Ireneu Barreto disse existirem, para indigitar Miguel Albuquerque, estão à vista. A garantia dada aos madeirenses e a Marcelo Rebelo de Sousa, também.

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Aquando da eleição do Presidente da Assembleia da República, PS e PSD chegaram a acordo: a presidência seria dividida. Aguiar-Branco seria presidente durante os dois primeiros anos da legislatura, e Francisco Assis seria presidente a partir de 2026. Desta forma desbloqueou-se o impasse e, a bem da verdade, o embaraço. Mas agora Francisco Assis (número dois do PS nas eleições europeias) foi eleito deputado do Parlamento Europeu e deverá (?) ocupar o lugar. É certo que Assis nunca confirmou que seria ele a presidir à AR, mas foi o seu nome, e não outro!, que foi votado pelos deputados. Foi o seu nome, e não outro!, que surgiu no acordo. Também é certo que Assis disse, e cito, "não sei onde estarei daqui a dois anos". Mas de certeza que sabia onde estaria daí a quatro meses.

Indignar-me é o meu signo diário

 


Ontem, no Porto, e sob uma chuva de palmas de apoiantes da AD (Aliança Democrática), Ursula von der Leyen proferiu as palavras citadas na imagem que aqui partilho. "Esqueceu-se" de uns quantos factos.