O porto
Ao fim do dia os pescadores a
remar no regresso a casa
Não se apercebem do sossego que
atravessam,
Também eu, desde o fim de tudo,
não deveria pedir
Pelo seguro crepúsculo das tuas mãos
calmas.
E a noite, carregada de velhas
mentiras,
Iluminada pelas estrelas guardiãs
dos arqueados montes,
Não ouvirá mais segredos daqui em
diante; o tempo sabe
Que o mar é amargo e dissimulado,
que o amor ergue muros.
Todavia, aqueles que observam o
meu avanço sobre
Um mar mais cruel do que qualquer
palavra
De amor, vêem a calma à minha
passagem,
Desbravando novas águas com um antigo
engano;
E é seguro pensar que os grandes transatlânticos
Ouvem o suave chapinhar de pés junto às estrelas.
Derek Walcott, «The Harbour», Collected Poems: 1948-1984, London:
Faber & Faber, 1992, p. 7.
Sem comentários:
Enviar um comentário