Mutis*
Talvez fosse mais
romântico quando
arranhava a pedra
e dizia por exemplo,
cantando
da sombra às
sombras,
assombrado pelo meu
silêncio,
por exemplo: «devemos
lavrar o inverno
e existem sulcos, e
homens na neve»
Hoje as aranhas fazem-me cálidos
sinais dos
cantos do meu quarto, e a
luz treme,
e começo a duvidar que
seja certa
a imensa tragédia
da literatura.
Leopoldo María Panero,
«Mutis», em Agujero llamado Nervermore
(Selección poética, 1968-1999), edição de Jenaro Talens, 2ª edição
aumentada, Madrid: Ediciones Cátedra, 2000, p. 182.
*em teatro equivale a uma
saída de cena.
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