Albert Cossery é um dos poucos autores que me consegue prender da primeira à última página. Não tenho dificuldade nenhuma em lê-lo. São livros que me dão prazer. Tal só me acontece com meia dúzia de autores, entre eles os inevitáveis: Bukowski, Céline, Mishima e Bernhard. Pouco mais. É claro que leio outros. Mas poucos me dão tanto prazer como os citados. Por exemplo: comecei há dois dias a ler A Costa dos Murmúrios, de Lídia Jorge, e ando a arrastar-me pelas páginas. É terrível. Mas a autora lá me vai aguentando: existem partes muito bem escritas, onde a autora me consegue prender. Talvez a escrita de Lídia Jorge não seja fácil. São poucos os autores portugueses que têm uma escrita fácil e que conseguem ser apreciados. E quando digo fácil não me refiro a uma escrita sem profundidade, refiro-me, antes, a uma escrita que não se perde em jogos de estilo, que, na maior parte das vezes, são vazios de conteúdo. Vergílio Ferreira – que apadrinhou o primeiro livro de Lídia Jorge (na altura era assim: os mais novos pediam “ajuda” aos mais velhos) – dizia que eram livros que não deixavam nada no estômago. Até agora, A Costa dos Murmúrios é um desses livros.
3 comentários:
"A costa dos murmúrios" é daqueles casos em que gostei mais do filme.
caro MCS: eu ainda ontem me questionava sobre isso. não vi o filme, mas pensava: como é que conseguiram escrever um guião a partir disto? não deve ter sido uma tarefa fácil. cumprimentos
para bem da tua vesícula.
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