Em jeito de justificação


No outro dia perguntaram-me por que razão eu era pessimista. Essa é uma pergunta que me custa muito responder. Mas penso que não é difícil imaginar algumas das razões. O colapso do Homem é evidente. Todos os dias temos provas de que o ser humano é um animal feroz e atroz. Considero, até, que o uso do termo humano é um eufemismo. O século XX foi um século repleto de guerra e atrocidades: I Grande Guerra Mundial, II Grande Guerra Mundial, Holocausto, Hiroxima, Dresden, Vietname, Guerra Iraque/Irão, I Guerra do Golfo, Guerra dos Balcãs, valas e valas comuns. O século XXI, que se queria um século de mudança e esperança – algo que ainda poderá vir a acontecer (o que duvido)–, foi iniciado com a II Guerra do Golfo. Que mais esperar do ser humano?

4 comentários:

Mário Pedro disse...

Reduzir o ser humano à história bélica pode parecer inteligente, mas só pode conduzir a um final: pessimismo! ;)
Até porque nunca houve tão poucas guerras como nestes séculos...

manuel a. domingos disse...

caro mcp:

segundo esta lista (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_guerras ), e se a analisarmos bem (mas com algumas dúvidas pois trata-se da wikipédia), o século XX foi o século com mais guerras. acho eu.

no entanto, concordo consigo quando diz que reduzir o ser humano à história bélica pode parecer inteligente. lembro, assim, a escravatura, a segregação racial nos EUA, o apartheid sul-africano, e tudo o resto que não se enquandra no belicismo

volte sempre

Mário Pedro disse...

Às vezes basta procurar que se encontra: http://www.humansecurityreport.info/index.php?option=content&task=view&id=180
(fala de decréscimo de guerras nos últimos anos, o que de facto não é igual a haver menos guerras nos períodos que falávamos)

O pessimismo militante fanático (o teu) que é até pouco realista, impede-te de ver que, como diz Alvin Toffler por exemplo, vivemos numa “época fascinante para viver”. Poderia dar-te muitos dados (que cairiam em saco roto, de tão óbvios que eles são sem que tu lhes dês importância), mas chega dizer que nunca em tempo algum saiu tanta gente da pobreza e da fome como nos últimos 30 anos na China. Mas se isso não tem importância, meu caro, o que é que tem?

manuel a. domingos disse...

Caro mcp:

Por aquilo que li do link que me enviou o optimismo é moderado, e o último parágrafo do artigo é bastante relevante – do meu ponto de vista. Apesar de os conflitos armados terem caído 40% desde 1992, isso não invalida um outro facto que o artigo também menciona: «entre 1946 e 1991 o número de conflitos armados envolvendo um Estado triplicou.».

Em relação às palavras de Alvin Toffler. Penso que o mesmo terá sido dito pelos monges beneditinos e dominicanos na Idade Média, pois nos mosteiros onde estavam nunca lhes faltou nada. O facto de a fome e a pobreza na China ter diminuído nos últimos 30 anos só me deixa feliz. No entanto, os chineses continuaram a viver, nos últimos 30 anos, num estado ditatorial, onde a liberdade é algo que pertence aos livros de ficção cientifica, num estado que aplica a pena de morte (e, pelos vistos, é o país que mais a aplica), e poderia continuar com a lista.

Quanto à parte em que diz que o meu pessimismo é militante, fanático e pouco realista, só lhe posso dizer o seguinte: não conheço nenhum “partido pessimista” (por isso de militante tenho pouco), não pretendo converter ninguém a nada (ao contrário dos verdadeiros fanáticos), e o “pouco realismo” talvez se deva ao facto de não ler lá muito os jornais e coisas que tais.

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