Bach ou o silêncio (6)
Não é estranho afirmar que a música de Bach tem uma forte componente teológica. Arrisco-me a chamá-la de teomúsica. Toda ela foi escrita para o Homem comunicar com o Divino, para estar mais próximo dele. Pensemos num exemplo: A Paixão Segundo São Mateus, BWV 244. Baseada nos capítulos 26 e 27 do evangelho de São Mateus, ela procura retratar os últimos dias da vida de Cristo, o seu sofrimento. Mas Bach (em todo o seu génio) vai mais além. Ele procura colocar o Homem em contacto directo com o Divino, transformando a sua música no veículo que permite esse contacto. Ela é, em certa medida, a única linguagem que Divino e Homem entendem e conseguem utilizar. Sem ela só haveria ruído.
5 comentários:
Acho que falar em Bach e Divino é redundância pura. Mais precisamente, dividir o mundo em dois pólos, a música e o divino, é arriscado porque, para mim, são uma e única coisa.
Para mim, que sou católico, Bach está para a música como o São João da Cruz (podia arriscar Daniel Faria..) está para a poesia: é um veículo para melhor compreender Deus.
sara: tens que considerar que estes textos são escritos por um não-crente.
joão: gostei da comparação. e apesar de gostar da poesia de Daniel Faria, penso que será arriscado...
então não és!
:)
olha, eu até sou comuna, só que gosto muito, muito, muito de música (uma coisa assim um bocado burguesa...), como me parece que tu também gostas. Mas quando estou envolvida na música, não penso propriamente nem em divino, nem na exploração de fé, nem em nada. Sinto apenas um grande prazer estético. Mas é uma coisa que envolve duas componentes: cérebro e coração (alma, se quiseres).
Não fiques aborrecido com o meu comentário, foi sem intenção.
sara: claro que não vou ficar aborrecido! faz os comentários que quiseres, quando quiseres, como quiseres
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