Babel é um filme interessante. Mas perde-se muito com exercícios dispensáveis: onde há 4 histórias podiam estar apenas 2, e ficaria um filme simpático. Como dizia o outro, mais vale (valia) uma na mão...
joão: entendo o que dizes e compreendo. mas tenho que ver o filme, pois tem dois actores com os quais simpatizo: brad pitt e kate blanchet.
a. lopes: concordo plenamente com o que dizes. pulp fiction foi o culminar dessa técnica, depois tudo o resto foram cópias. lembro amor cão, por exemplo, que apesar de ser um bom filme, quanto a mim, não deixa de ser uma éspecie de cópia barata de pulp fiction.
Também li essa frase, mas pelo que parece vou ser o único a discordar. Não falo no facto de achar que Babel merece ou não Oscares, vou-me referir ao filme propriamente dito.
Em primeiro lugar, catalogar qualquer tipo de filme baseado somente (como aqui já foi dito) na estrutura narrativa que possui, parece-me totalmente injusto. A história do cinema mostra-nos que nenhum modelo (quer narrativo quer de género ou de outro aspecto qualquer) é intocável, nem tão pouco irrepetível. p.ex. assistimos constantemente a um revivalismo do melodrama clássico bastante interessante (Far From Heaven, por exemplo). Reduzir a obra de Innaritu com base em argumentos deste tipo (utilização do chamado cinema mosaico) parece-me bastante injusto. É como dizer que Shyamalan só filma estórias para poder no final colocar um "Twist". E o restante filme?! Não conta?!
Em segundo lugar, este Babel é bem mais, direi mesmo, para além, de qualquer contexto político que lhe queiram impor. É certo que "jogar" com a globalização é delicado, mas porquê entendermos globalização somente como coisa meramente politica? A globalização de Babel é mais "íntima", se assim se pode dizer (correndo o risco de soar contraditório). Intima porque lida com o indivíduo, ser provido de individualidade, e de como essa individualidade se reflecte nos vários contextos. E não me refiro somente a contextos sociais (se bem que esses também são abordados), refiro-me principalmente a contextos familiares. Em ultima instância, Babel trata das relações pai/filho. Ignorar isso é não querer ver a totalidade, ou neste caso, ficar-se pela superfície.
Dizer que Babel é politicamente correcto e usar este adjectivo como algo pejorativo e como justificação para detestar o filme parece-me pouco.
não posso dizer que concordei com a frase, pois não vi Babel. quanto às inanidades políticas de Crash, devo dizer que não lhes liguei muito. gostei mais da fotografia do filme e da história. mas como já disse: achei o oscar forçado.
quanto à reflexão que faz sobre o cinema, acho-a pertinente.
Mas manuel se colocas as coisas assim... Só vais ter um grande filme por género o resto são copias baratas desses mesmos filmes... Seria como dizer que o "Tudo bons rapazes" é uma cópia do "Padrinho" já que são do mesmo género... No entanto são dois grandes filmes… Claro que há sempre um filme que é o melhor filme desse género, o resto vai ser comparado a esse mas dizer que são "cópias baratas" acho redutor...
Sobre o filme, foi publicado um "dossier" no suplemento "Ipsilon" do Público de sábado passado. Ressalta a ideia de que o divórcio entre a crítica e o grande público foi generalizada. Sobretudo porque, ao contrário de outras disciplinas, à crítica de cinema não lhe é reconhecido um estatuto indiscutível, porque o cinema é a arte que mais se massificou e ainda porque a crítica, sobretudo ewm Portugal, é a mais exposta de todas.A atribuição dos Oscáres obedece a uma lógica própria que transcende esta questão. Em relação ao filme, nada adianto, porque não o vi. Mas o Crash é um grande filme e as estatuetas foram merecidas.
Caro valério, não pude deixar passar isto: «Seria como dizer que o "Tudo bons rapazes" é uma cópia do "Padrinho" já que são do mesmo género». Discordo por completo. Sei que a sua intenção provavelmente não era uma comparação directa, mas de qualquer forma nem devem ser comparados. O facto de ambos terem membros da máfia como personagens não deve ser um ponto de comparação. Em tudo o resto, são diferentes. Às vezes, até opostos.
Entre Crash e Babel é que é realmente possível estabelecer comparações. Não é exagerado. E é até muito bem visto, muito bem lembrado.
13 comentários:
Mas o «Crash», ao menos, é um bom filme.
um abraço,
joão carlos silva
não vi o Babel. é um filme que divide opiniões: há quem diga que é muito bom e há quem diga que é muito mau.
em relação ao crash: gostei bastante: já o oscar achei-o forçado.
Babel é um filme interessante. Mas perde-se muito com exercícios dispensáveis: onde há 4 histórias podiam estar apenas 2, e ficaria um filme simpático. Como dizia o outro, mais vale (valia) uma na mão...
joão
Acho que a ideia de fazer um guião a juntar histórias (estórias) no fim está a ficar um pouco gasta.
joão: entendo o que dizes e compreendo. mas tenho que ver o filme, pois tem dois actores com os quais simpatizo: brad pitt e kate blanchet.
a. lopes: concordo plenamente com o que dizes. pulp fiction foi o culminar dessa técnica, depois tudo o resto foram cópias. lembro amor cão, por exemplo, que apesar de ser um bom filme, quanto a mim, não deixa de ser uma éspecie de cópia barata de pulp fiction.
Também li essa frase, mas pelo que parece vou ser o único a discordar. Não falo no facto de achar que Babel merece ou não Oscares, vou-me referir ao filme propriamente dito.
Em primeiro lugar, catalogar qualquer tipo de filme baseado somente (como aqui já foi dito) na estrutura narrativa que possui, parece-me totalmente injusto. A história do cinema mostra-nos que nenhum modelo (quer narrativo quer de género ou de outro aspecto qualquer) é intocável, nem tão pouco irrepetível. p.ex. assistimos constantemente a um revivalismo do melodrama clássico bastante interessante (Far From Heaven, por exemplo). Reduzir a obra de Innaritu com base em argumentos deste tipo (utilização do chamado cinema mosaico) parece-me bastante injusto. É como dizer que Shyamalan só filma estórias para poder no final colocar um "Twist". E o restante filme?! Não conta?!
Em segundo lugar, este Babel é bem mais, direi mesmo, para além, de qualquer contexto político que lhe queiram impor. É certo que "jogar" com a globalização é delicado, mas porquê entendermos globalização somente como coisa meramente politica? A globalização de Babel é mais "íntima", se assim se pode dizer (correndo o risco de soar contraditório). Intima porque lida com o indivíduo, ser provido de individualidade, e de como essa individualidade se reflecte nos vários contextos. E não me refiro somente a contextos sociais (se bem que esses também são abordados), refiro-me principalmente a contextos familiares. Em ultima instância, Babel trata das relações pai/filho. Ignorar isso é não querer ver a totalidade, ou neste caso, ficar-se pela superfície.
Dizer que Babel é politicamente correcto e usar este adjectivo como algo pejorativo e como justificação para detestar o filme parece-me pouco.
caro nelson:
não posso dizer que concordei com a frase, pois não vi Babel. quanto às inanidades políticas de Crash, devo dizer que não lhes liguei muito. gostei mais da fotografia do filme e da história. mas como já disse: achei o oscar forçado.
quanto à reflexão que faz sobre o cinema, acho-a pertinente.
obrigado pela leitura e pelo comentário
Mas manuel se colocas as coisas assim... Só vais ter um grande filme por género o resto são copias baratas desses mesmos filmes... Seria como dizer que o "Tudo bons rapazes" é uma cópia do "Padrinho" já que são do mesmo género... No entanto são dois grandes filmes… Claro que há sempre um filme que é o melhor filme desse género, o resto vai ser comparado a esse mas dizer que são "cópias baratas" acho redutor...
Podes até estar a ferir os sentimentos desses realizadores :)
valério:
vendo bem as coisa tu tens razão
Manuel:
Sobre o filme, foi publicado um "dossier" no suplemento "Ipsilon" do Público de sábado passado. Ressalta a ideia de que o divórcio entre a crítica e o grande público foi generalizada. Sobretudo porque, ao contrário de outras disciplinas, à crítica de cinema não lhe é reconhecido um estatuto indiscutível, porque o cinema é a arte que mais se massificou e ainda porque a crítica, sobretudo ewm Portugal, é a mais exposta de todas.A atribuição dos Oscáres obedece a uma lógica própria que transcende esta questão.
Em relação ao filme, nada adianto, porque não o vi. Mas o Crash é um grande filme e as estatuetas foram merecidas.
Caro valério, não pude deixar passar isto: «Seria como dizer que o "Tudo bons rapazes" é uma cópia do "Padrinho" já que são do mesmo género».
Discordo por completo. Sei que a sua intenção provavelmente não era uma comparação directa, mas de qualquer forma nem devem ser comparados. O facto de ambos terem membros da máfia como personagens não deve ser um ponto de comparação. Em tudo o resto, são diferentes. Às vezes, até opostos.
Entre Crash e Babel é que é realmente possível estabelecer comparações. Não é exagerado. E é até muito bem visto, muito bem lembrado.
cumprimentos,
joão
Enviar um comentário