Discos Pedidos #2
Há quem os considere uma fraude, devido ao som que praticam nada ter de novo, de o considerarem uma cópia rasca de tudo o que de bom foi feito nos anos oitenta na área do chamado gótico. As influências estão de facto lá: nos sintetizadores (Suicide), na caixa de ritmos (Sisters of Mercy), as linhas de baixo (Joy Division, The Cure). Depois há as letras, que muitos consideram de uma pobreza franciscana, quase papel químico de poemas retirados de um qualquer diário de um qualquer rapaz nos seus 14/15 anos, atingindo pela primeira vez pelas setas de Cupido. Sem dúvida a música dos She Wants Revenge é tudo isto, mas é também tudo isto que lhe confere consistência. As músicas são boas, com melodias interessantes e um ritmo, em alguns temas, frenético, onde a vontade de dançar e pular e suar são reais. As letras, apesar de pobres (algumas têm um ou outro refrão escusado), revelam um mundo sombrio e pouco aconselhável a mentes e corações mais susceptíveis: I heard it's cold out, but her popsicle melts/She's in the bathroom, she pleasures herself/Says I'm a bad man, she's locking me out/It's cause of these things, it's cause of these things. Mas é o tema Out of Control (que passou durante bastante tempo na Radar) que mais desperta a vontade de dançar, e que nos transporta para um pista de dança onde tudo é permitido, onde os corpos se entregam ao ritmo: The lights that move sideways and up and down/The beat takes you over and spins you round/Our hearts steady-beating, the sweat turns to cold/We're slaves to the DJ and out of control. Neste álbum de estreia os She Wants Revenge mostram aquilo que de melhor sabem fazer e tudo aquilo que de pior sabem fazer. Mas isso pouco importa, pois a partir do momento em que a música começa a ser ouvida, somos logo transportados para um qualquer bar underground de NY ou LA, ou, não havendo melhor por cá, para a velhinha Jukebox em meados/finais de 90, lá para os lados dos Restauradores em Lisboa.
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