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Zona Portuária Jardim do Tabaco
Santa Apolónia, Lisboa, 18 Dezembro 2024
 

Danças Ocultas - Danças Ocultas (1996)




Em 1996 a cidade da Guarda fervilhava de actividade cultural. A sua agenda superava, em qualidade e variedade, as agendas culturais dos chamados "grandes centros urbanos". Ainda não existia o TMG. E a única sala digna era o Auditório Municipal da Câmara Municipal da Guarda. Foi lá que assisti a um concerto dos Danças Ocultas, aquando da apresentação do álbum de estreia do quarteto, o homónimo "Danças Ocultas" (1995). Lembro-me bem do impacto que em mim teve o tema "Folia" (que abre o álbum), todo ele composto apenas pelo som do fole dos acordeões (no caso do grupo trata-se do acordeão diatónico, que no  nosso país é mais conhecido por concertina), num ritmo que, na altura, me fez lembrar o som do mar. São várias as vezes que na minha cabeça soa o tema "Dança II", que aproveito para assobiar. Todos os temas do álbum são dignos de nota, não caindo no folclore tradicional, antes procurando novas formas e buscando inspiração no "novo tango" e na música de câmara. As composições são modernas, leves e infinitamente belas.

Um poema de Anzai Fuyue

     

     Prendi com um alfinete uma borboleta à parede. Nunca mais se moverá. É assim a felicidade.

O animal de estimação com o seu laço negro à mesa de jantar tem a forma que um animal de estimação deve ter.

A água na garrafa tem a forma da garrafa.

E ela de combinação tem uma beleza só sua.
em The Modern Japanese Prose Poem - An Anthology of Six Poets, versão minha a partir da tradução inglesa de Dennis Keene, Princeton University Press, p. 84

Das fotos

 


Centro Comercial Colombo
Carnide, Lisboa, 12 de Dezembro 2024


Calendário



Este fim-de-semana passado realizou-se o XXII Congresso do PCP - Partido Comunista Português, partido do qual sou militante desde 2022. Li as Teses para o Congresso e discuti-as com outros camaradas em plenários. Apresentei a minha concordância, e reservas, sobre os mais diversos temas da política internacional, nacional e interna do partido. Apresentei, por escrito, sugestões de alteração às Teses. Tudo, sempre (e gostaria de sublinhar 'sempre') num ambiente de liberdade e democracia. Aliás, em dois anos de militância activa, nunca me senti minimamente condicionado, ou impedido de expressar a minha opinião. Aliás, sempre fui incentivado a fazê-lo. Só assim é possível construir um partido que é de todos e para todos. 

Aproveito para felicitar todos os camaradas que foram eleitos para os mais diversos cargos. Estamos juntos! A luta continua!

Pequena enciclopédia dos dias*

Sábado: quatro de Janeiro de dois mil e vinte

Os dias são um pouco maiores e o sol ajuda a secar

os lençóis lá fora apesar das notícias em directo

dizerem que este ano a história será complicada

ou até o fim do mundo como prega o pastor

evangélico da Avenida Gomes Pereira que ouço

às vezes ao passar pela rua depois de mais um dia

a ensinar a diferença entre always often sometimes

hardly ever never enquanto me imagino poeticamente

a fazer a diferença mesmo sabendo que os alunos

nada querem com advérbios e às vezes para combater

esse sentimento vagueio absolutamente sozinho

pela cidade como numa música de Brian Eno

sendo esta a melhor maneira de descrever tudo isto

sabendo a priori — tenho de ser honesto — que é


uma má comparação mas nem sempre as imagens

são luminosos relâmpagos nem sempre conseguem

iluminar a noite: a maior parte das vezes apenas

cumprem a ligeira função de fazer bonito e mostrar

que alguns de nós lemos ou fomos à escola

A verdade é que a maior parte dos nossos mortos

estão enterrados apesar de todos os dias se cruzarem

connosco na sala de estar ou no quarto quando

à noite apagamos a luz na esperança de descansar

de outro dia de porras tristes mas a noite nunca

é suficiente: há sempre um ruído que te acorda

a meio e pensas na escrita do mundo nos matemáticos

que procuram decifrar os mistérios do universo

Sabes que estás sozinho como eles na sua procura

mesmo quando não sabes o que procurar e insistes

É sempre nesse esforço o avançar e tentar ser

em primeiro lugar o mais honesto contigo a seguir

com os outros porque é assim que consegues sabotar

a canga do mundo as camelices e dessa maneira a cabeça

um pouco mais erguida os ombros mais direitos

Só que hoje é já Sexta-feira: vinte e nove de Janeiro

de dois mil e vinte e um e todos conseguem observar

que o ano que ainda há pouco começou

deixa muito a desejar logo agora que tínhamos tantos

planos traçados para quando a pandemia deixar de o ser

e o sol voltar aos nossos rostos pelos jardins como na infância

que ficou lá no lugar que é dela e que parece agora

e aqui tão distante como algo que é sussurrado

mas nunca sendo feliz ou infeliz esquecido


Tudo o que nos resta em certa medida é continuar

sobre esta terra e não deixar  que a memória

seja apenas o que sobra dos dias passados

mas fazer dela uma espécie de linha contínua

enquanto pelos dias cá andarmos nesse dever

de honrar aqueles que a lei da vida transformou

em poalha feita para ser esquecida sabendo que é nesse momento que começa a ser entendida






* a partir do poema Pequena Enciclopédia da Noite de Carlos Nejar.


Ontem

 



Ontem, à conversa com Dora Bernardo (encenadora), Luciano Amarelo e Rafael Lopes (actores), sobre a peça "De uma sombra a outra". Foi uma bela noite. Obrigado a todas e a todos os que estiveram presentes.

Versões: George Oppen


Deitada, anca alta,
Na lisura da cama
Enquanto na tarde
O sol passa.

Planta, respiro —
Nitidamente
Olhos pernas braços mãos dedos,
Só pernas e seda.

em The New Anthology of American Poetry – Postmodernisms: 1950–Present, Volume III, Rutgers Universaty Press, p. 12

Continua em cena hoje e amanhã no Teatro Municipal da Guarda

 



Das fotos

 




A 100 km/h na auto-estrada A1
Zona do Carregado
26 de Outubro 2024

Versões: Ianthi Theocharidou



Dez matérias-primas


Os poetas nasceram prematuramente
os políticos atrasados
e as gentes do teatro a tempo.

Quando éramos crianças tínhamos medo do escuro. Agora que somos mais velhos temos medo de enfrentar a luz. Uma dose de poesia todos os dias ao jantar faz bem ao estômago e à cidade.
em Anthology of Cipriot Poetry, tradução do grego para o inglês de Amy Mims, Nicosia-Cyprus, 1974, p. 213

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Sempre que ouço Trump falar, fico com a sensação que tirou um curso básico de inglês no Wall Street Institute.

Versões: Miyoshi Tatsuji


A Vila

Prenderam o veado com uma corda pelas armações, e deixaram-no na escuridão do palheiro. Os seus olhos azuis brilhavam onde mais nada se via; e ali estava sentado, perfeito, elegante. Uma batata rolou pelo chão.

Lá fora as flores da cerejeira tinham caído, e uma bicicleta desceu o monte, abrindo um longo, claro caminho entre elas.

Viste as costas de uma menina a espreitar por entre os arbustos. Junto ao ombro, preso ao vestido, um laço negro.

 

em The Modern Japanese Prose Poem - An Anthology of Six Poets, tradução para o inglês de Dennis Keene, Princeton University Press, p. 62

 

Indignar-me é o meu signo diário

 




Fonte: TSF

Ursula K. Le Guin


     "I never thought before," said Tirin unruffled, "of the fact that there are people sitting on a hill up there, on Urras, looking at Anarres, at us, and saying, 'Look, there's the Moon.' Our earth is their Moon; our Moon is their earth."
    "Where, then, is Truth?" declaimed Bedap, and yawned.
    "In the hill one happens to be sitting on," said Tirin.


em The Dispossessed, London: Gollancz, 2002, p. 37.

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Dois capítulos lidos e uma certeza: estar na presença de um grande livro.

Versões: Wallace Stevens

 
Seis paisagens significativas


I


Um velho sentado
À sombra de um pinheiro
Na China.
Vê delfínios,
Azuis e brancos,
No limite da sombra,
Moverem-se ao vento.
A sua barba move-se ao vento.
O pinheiro move-se ao vento.
Assim se move a água
Sobre as algas.


II

A noite é da cor
Do braço de uma mulher:
Noite, a fêmea,
Obscura,
Perfumada e dócil,
Esconde-se.
Uma lagoa brilha
Como uma pulseira
Agitada numa dança.


III

Meço-me
Contra uma grande árvore.
Descubro que sou mais alto,
Pois consigo chegar ao sol
Com o meu olho;
E consigo chegar à beira do mar
Com o meu ouvido.
Ainda assim, não gosto
Da maneira como as formigas rastejam
Para dentro e fora da minha sombra.


IV

Quando o meu sonho estava perto da lua,
As pregas brancas do seu vestido
Encheram-se de luz amarela.
As plantas dos seus pés
Ficaram vermelhas.
O seu cabelo ficou coberto
De certos cristais azuis
Das estrelas,
Não muito distantes.


V

Nem todas as facas dos postes de luz,
Nem os cinzéis das longas ruas,
Nem as macetas das abóbodas 
E altas torres,
Podem esculpir
Aquilo que uma estrela esculpe,
A bilhar entre as folhas da videira.


VI

Racionalistas, de chapéus quadrados,
Pensam, em salas quadradas,
A olhar para o chão,
A olhar para o tecto.
Limitam-se
Aos triângulos rectângulos.
Se experimentassem rombóides,
Cones, curvas e elipses ―
Como, por exemplo, a elipse da meia-lua ―
Os racionalistas usariam sombreiros.



em Collected Poems, London: Faber & Faber, 2006, pp. 64-66.

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Calendário

 




Um homem a quem não conhecemos uma ideia política, ou pensamento; não sabemos se é de direita, esquerda ou assim-assim. No outro dia disse isso mesmo na sala dos professores. A resposta de um colega meu foi rápida: "revelou capacidade de organização e liderança na vacinação". E eu pensei: porra, vai ser eleito.

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Este blogue fará, no final deste mês, anos. Dezanove anos num total de seis mil novecentas e sete publicações e três mil trezentos e dez comentários. Em 2005 a blogosfera estava no auge. Anteriormente a este blogue ainda dinamizei o Pedra no charco e o Limites de Luz (blogues que tiveram a duração apenas de um ano). Com o "advento" das chamadas "redes sociais", a blogosfera caiu em declínio. Mas ainda existem por aí bons blogues, que merecem ser lidos. Tenho tentado manter o blogue actualizado dentro das "possibilidades possibilitivas". Nem sempre é fácil. Nem sempre apetece. A ver vamos até quando.

Versões: Yolanda Castaño


O que entre nós acontece diariamente As frases que nos empurram. As frases sábias como pequenos animais. Que nos apontam o dedo, deixando-nos com o rabo de fora. As frases a perderem altura, as frases que nos atropelam. Que se infiltram incógnitas, que vivem de empréstimos as frases. Que nos atacam pelas costas, vendendo-nos como traficantes. Que nos tocam no ombro e, quando nos voltamos, desaparecem. Que nos ultrapassam pela esquerda. Que aparecem inesperadamente as frases. A jogarem as frases connosco às apostas. A seguirem a carreira diplomática as frases. Que nos fogem como comboios. A partir pedra as frases. A abrir trincheiras sem parar e, de repente, a fulminarem-se. As frases que nos agasalham, cobertor e chá quente as frases. A fingirem que não sabem nada, as frases a fazerem-se de parvas. Nós precipitando-nos pouco a pouco em cada frase. em
Materia, tradução do galego para o espanhol pela autora, Visor Libros, 2023, pp. 31-33.

The Cure - Songs of a Lost World (2024)


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Devo começar este texto com um ponto prévio: a) The Cure são uma das bandas mais importantes da minha vida, fazendo parte da minha “Santíssima Trindade Musical” (ao lado de Joy Division e Bauhaus) e, verdade seja dita, não me consigo imaginar sem eles no meu percurso de vida; b) ainda me lembro do dia em que na televisão ouvi “Just like heaven” e depois descobri que o meu primo Zé-Tó tinha o álbum duplo “Kiss me, Kiss me, Kiss me” (1987), tendo logo pedido para o gravar numa cassete de noventa minutos Sony UX-S (tinha há pouco tempo recebido uma Telefunken com gira-discos e dois decks de cassetes, que substituiu o velhinho leitor de cassetes Sanyo); c) tenho todos os álbuns de The Cure até “Wish” (1992), não tendo comprado, nem ouvido na íntegra (o que é importante para aquilo que aqui vão ler), mais nenhum álbum da banda, desde “Wild Mood Swings” (1996) até “4:13 Dream” (2008); d) todavia, ouvi uma ou outra música desses álbuns, de onde concluí algo: Porl Thompson, guitarra, e Boris Williams, bateria, faziam muita falta; e) assim, não irão aqui ler que “Songs of a Lost World” (2024) é o melhor álbum de The Cure dos últimos 32 anos.

Foi há muito que a banda britânica traçou o seu caminho. Ao contrário de outros seus contemporâneos, e segundo Mark Fisher, os The Cure permaneceram fiéis ao imperativo modernista do pós-punk (“novelty or nothing”), procurando “a sound that was ethereal rather than earthy, artificial rather than visceral.”. Esta afirmação de Fisher, apesar de parecer, não é um elogio (1), mas encerra em si a principal característica que pode ser encontrada, em toda a sua força e esplendor, no último trabalho da banda britânica.

Para além do título (que nos remete para uma espécie de fim dos tempos), este último álbum  de The Cure está envolto numa espécie de espectralidade, já que são espectros, fantasmas de um outro tempo (que tanto pode ser passado como futuro) aquilo que podemos encontrar na sonoridade, mas também nas letras de Robert Smith, que remetem para os álbuns que constituem a trilogia da banda (“Seventeen Seconds”, “Faith”, “Pornography”): “Hopes and dreams are gone/the end of every song” (“Alone”); “I know, I know/That my world has grown old/And nothing is forever” (“And Nothing is Forever”); “Down, down, down, yeah, I'm pretty much done/Staring down the barrel of the same warm gun” (“Drone:Nodrone”); “Hear the bells beyond the sea/It's almost too late/Shadows growing closer now/And there is nowhere left to hide” (“I Can Never Say Goodbye”). 

Um dado curioso sobre “Songs of a Lost World” é a epígrafe de John Keats que encontramos no “booklet” do CD (sou “retro” e ainda não aderi a essa modernice chamada “vinil”): “and when I feel, fair creature of na hour,/that I shall never look upon thee more/never have relish in the faery power of unrefleeting love/then on the shore of the wide world I stand alone,/and think til love and fame to nothingness do sink”: e que vem reforçar a ideia de que este poderá ser o último álbum de estúdio da banda liderada por Robert Smith. A epígrafe dá o mote a todo o álbum, quer falemos de temas (amor, angústia existencial, morte) ou, atrevo-me a dizer, “paisagem sonora”. Sim, paisagens sonoras que nos remetem para outros lugares, mas também para outros álbuns da banda: “Pornography” (1982), “Kiss me, Kiss me, Kiss me” (1987), “Desintegration” (1989), “Wish” (1992). Ter referido estes álbuns não é um acaso. Neste último trabalho da banda britânica podemos encontrar, nos 8 temas que compõem o álbum, o ritmo mecanizado, marcial e ligeiramente industrial da bateria (muito vincado em “Pornography”); a envolvência das guitarras (o substituto de Porl Thompson talvez tenha sido encontrado para, aliado à técnica de Robert Smith [muito menosprezado enquanto guitarrista], levar a banda para outros patamares sónicos), que podemos encontrar em “Kiss me, Kiss me, Kiss me”; o ambiente etéreo e muito “dream pop” de “Desintegration”; a presença constante do piano e o crescendo progressivo, que podemos encontrar, por exemplo, num dos melhores temas de “Wish”: “From the Edge of the Deep Green Sea”.

“Songs of a Lost World” vem confirmar duas coisas: a voz de Robert Smith continua praticamente inalterável e com a elasticidade a que nos habituou; os The Cure ainda conseguem fazer boas músicas. E disso, provavelmente, já ninguém estava à espera.


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(1) Podemos confirmar que não é um elogio no texto que Mark Fisher dedicou à banda: "It doesn’t matter if we all die: The Cure’s unholy trinity", em k-punk - The Collected and Unpublished Writings of Mark Fisher (2004-2016), 
Repeater Books, 2018.


Versões: Rosario Castellanos


Terceira Elegia do Amante Fantasma


I


Como cera mole, consumida
por uma pálida chama, os meus dias
gastam-se no arder da tua lembrança.
Apenas iluminas o túnel de silêncio
e o espanto indefinido
em que passo a passo vou entrando.

Algo se agita no meu ser que ainda protesta contra a avalanche do esquecimento que arrasa atrás de si todas as coisas. Ah, pudesse então crescer e erguer-me, iluminar como uma lamparina alimentada pelo teu intenso azeite, numa poderosa e clara fogueira! Mas já nada vem até mim para me salvar da tristeza inerte que me sufoca. Grandes distâncias erguem finas névoas entre o teu rosto e os que aqui te esquecem. A tua voz é quase um eco e longe brilha o teu olhar.
II

Tento surpreender a tua nua ausência, abro as portas sem avisar e acaricio as janelas quase abertas. Encontro as divisões desertas e sombrias onde o vazio congela os seus contornos ajustando-se à linha do teu corpo. É como um copo profundo e simples para beber a totalidade do lamento.
III

Talvez não estejas aqui a dominar os meus olhos a comandar o meu sangue, a trabalhar nas minhas células, a provocar uma pulsação de trevas. Talvez não seja o meu peito a cripta que te guarda. Mas eu não seria se não fosse este castelo em ruínas que ronda o teu fantasma.
em Rosario Castellanos, Material de Lectura, serie Poesía moderna, Universidade Nacional Autónoma do México, 2009, pp. 8-9.

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A descoberta de Mark Fisher foi-me tardia, isto porque sinto que há muito o deveria ter lido, descoberto. O seu blogue "k-punk" andou por aí. Passou-me ao lado. Mas também é verdade que ainda não cheguei à Física Quântica, ou à Teoria das Cordas, e a Conjectura de Hodge é-me um mistério. Isto tudo para dizer que conheço poucos que escreveram sobre música como Fisher escreveu. Há a partilha do mesmo tempo e de certas vivências (com as devidas distâncias), o que resulta em muitas e várias afinidades. Todavia, o que mais sobressai é a clareza do seu pensamento e escrita.