Duas pequenas notas e não volto mais a estes assuntos


1. É há muito evidente que a guerra que opõe Rússia e Ucrânia (e que escalou com a invasão russa do território ucraniano, ao arrepio de todas as leis internacionais e que condenei desde o primeiro momento) está num impasse. A Rússia, em dois anos, não conseguiu derrotar a Ucrânia; a Ucrânia, em dois anos, não conseguiu expulsar a Rússia. E há muito que também é evidente que não houve, até agora, qualquer iniciativa diplomática real que permita chegar a um acordo de paz entre as duas partes, acordo esse que é cada dia que passa mais necessário. Existem, isso sim, inúmeros encontros para aumentar o envio de milhões e milhões de euros em armamento para a Ucrânia. A escalada do conflito tem sido fomentada, desde do início (e isso é uma realidade objectiva e insofismável, e veja-se, a título de exemplo, as autorizações dadas recentemente pela Finlândia, Canadá e Estados Unidos da América para o uso de armas da NATO contra solo russo), pelos países da chamada Europa Ocidental, nomeadamente aqueles que estão subjugados aos interesses da NATO, que é o mesmo que dizer: subjugados aos interesses dos Estados Unidos da América (e esta é outra realidade objectiva e insofismável).

2. 
As declarações de Nuno Melo, sobre a utilização de armas da NATO contra solo russo, são de uma enorme irresponsabilidade e contrastam com as declarações, relativamente prudentes, de Paulo Rangel, actual Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. É certo que Nuno Melo referiu que se trata de uma opinião pessoal e que não vincula o estado português. Todavia, não deixam de ser declarações proferidas por alguém que ainda é Ministro da Defesa Nacional do XXIV Governo Constitucional da República Portuguesa, e que deveria ter outro cuidado, ou, como é costume dizer, "sentido de estado". Melo disse, numa outra ocasião, que faria tudo o que pudesse para que os seus filhos não fossem para a guerra, e acrescentou: "Nenhum pai gostaria de ver o filho na guerra. (...) Sendo ministro, farei aquilo que poderei fazer, à nossa escala, para que não tenhamos que viver essa tragédia que muitos dos nossos ascendentes, pais e avós, tiveram de viver". Sinceramente, tenho dúvidas que Nuno Melo esteja no bom sentido para fazer aquilo que poderá fazer, e que deveria começar por encontrar caminhos que levem a um acordo de paz.

1 comentário:

R. disse...

Eu acho graça a este gajos que se dizem cristãos, com ingestão da hóstia semanal, pelo menos, estão-se nas tintas para o que diz o Papa. Vão parar ao Inferno... -- RAA