Na escola um jovem casal de dezasseis anos. Ela com um bebé nos braços. Na sala dos professores ouço:
- Vamos lá trabalhar qu'é pra pagar o subsídio. Metade dos meus impostos é pra isso!
- Pois, vamos lá.
Pelas entre-linhas: risos.
Levanto-me e digo:
Silêncio. Depois ouço:
- Não sei se é bem assim!
- Então é como? Com o rendimento dos poços de petróleo que temos no país?
- Também não é com os negócios do Governo?
- Quais negócios?
Desconversa mas eu retomo.
- Só o Governo é que faz negócios?
- Eu não faço.
- Não foi isso que eu perguntei.
- Não sei nada disso.
Retomo.
- Negócios, e grandes, faz a Jerónimo Martins, que tem milhões de lucro e paga uma miséria aos produtores nacionais. E depois vais a um supermercado deles e ainda te queixas que a vida está cara. Isso é que são negócios!
- São as leis da economia!
- Da economia?
- Sim! Que tabelassem os preços!
- Houve quem os quisesse tabelar. Houve quem na Assembleia da República fizesse a proposta. Foi chumbada por vários partidos. Entre eles o partido do um milhão e cem mil votos!
Silêncio confrangedor. E fui dar aulas.
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