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© José Carlos Pratas


Em casa dos meus Pais a figura de Álvaro Cunhal não era acarinhada. Não era maltratada, mas não era acarinhada. O meu Pai admirava-lhe a coerência, mas duvidava das suas ideias para o país. Resumindo: no 25 de Novembro o meu Pai esteve do lado apelidado de democrático e pluralista. Também eu, durante muitos anos, estive desse lado. Hoje, cada vez mais, tenho dúvidas.

No dia da morte de Cunhal, o meu Pai disse-me "como ele já não há e fazem cá falta". E Soares ainda estava vivo.

Álvaro Cunhal foi, e é, uma figura incontornável da nossa história e da nossa democracia, por muito que isso custe a muitos. Só agora começo a conhecer o homem e as suas ideias. Sinto, muitas vezes, que deveria ter começado mais cedo. Mas penso que ainda vou a tempo. Nunca se chega tarde a alguém que nos deu tanto.

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