Canção dos cães
A tempestade ruge
Sob as nuvens do céu.
Filhas gémeas do Inverno,
Chuva e neve castigam.
A nós o que nos importa?
Há um canto da cozinha
Em que o amo nos pôs,
Clemente, generoso.
Nem a comida falta.
Depois de saciado
O amo deixa os restos,
Que são todos para nós.
O seu chicote, é certo,
Estala às vezes e dói.
Mas as nossas feridas
Cicatrizam depressa.
Quando a fúria lhe passa
Chama-nos novamente.
E nós vamos, felizes,
Lamber-lhe os pés clementes!
em Poetas Húngaros - Antologia, organização, prefácio e notas de Zoltán Rózsa, tradução literal, para este poema, de Zoltán Rózsa e versão de Yvette K. Centeno, Lisboa: Moraes Editores, 1983 p. 37
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